Podemos gostar ou detestar as corridas de touros, tal como podemos gostar ou odiar um bom bife com ovo a cavalo. São opiniões como quaisquer outras e merecem ser respeitadas. A essência da democracia é precisamente termos a liberdade de expressarmos a nossa opinião sem por isso sermos punidos ou prejudicados.
Podemos até achar que uma corrida de touros é um ato selvagem, tal como podemos também ter a opinião de que um ser humano que gosta de se lambuzar com um bife e um ovo a cavalo é um assassino que matou uma vaquinha e que provocou um aborto numa galinha que ansiava pela vinda do seu querido pintainho.
O leitor antitouradas que chegou a este ponto da crónica já deve estar a chamar-me demagogo. Mas repare, na verdade, a maioria dos dirigentes do micropartido (PAN) que apresentou a proposta para a proibição das corridas de touros acha mesmo que as corridas de touros são um ato selvagem, tal como também acha (com igual convicção) que aqueles bárbaros que se deliciam com um bife no Café de São Bento são seres desprovidos de sentimentos.
Ou seja, o que me preocupa não são os tipos excêntricos do PAN quererem proibir as corridas de touros. Até porque não tenho grande respeito por pessoas que não gostam de feijoada e que dizem que o copo menstrual é melhor que os tampões femininos.
O que me preocupada verdadeiramente é existirem deputados de outras bancadas que votaram favoravelmente esta proibição. É que das duas uma: ou andam a ser financiados pelo lóbi do tofu e da quinoa, ou então piraram de vez.
Em suma, as pessoas podem ser antitouradas, tal como podem ser contra o bife com ovo a cavalo. O que não podem é querer proibir as outras pessoas de assistirem a corridas de touros e comerem carne. A isto chama-se respeito pela opinião dos outros, a isto se chama democracia. Esta semana voltou a vencer a democracia.
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