A maioria das empresas fornecedoras da Autoeuropa ainda não têm acordo para o horário de laboração contínua, a implementar após as férias de agosto. De acordo com a coordenadora das comissões de trabalhadores do Parque Industrial de Palmela, das 19 empresas existentes neste espaço – que contam com um total de cerca de 3500 trabalhadores –, apenas três a quatro chegaram a um acordo, “existindo algumas que têm acordos mais vantajosos que a própria Autoeuropa”.
Já nas empresas que ainda estão em negociações, segundo esta estrutura “existe uma clara vontade por parte das administrações de diminuírem os rendimentos dos trabalhadores e agravando as suas condições de trabalho, aumentando inclusive a precariedade”, acrescentando ainda que “há empresas com cerca de 70% de trabalhadores precários”.
A coordenadora das comissões de trabalhadores do parque industrial lamenta ainda as recentes alterações propostas pelo governo ao Código do Trabalho no que diz respeito à utilização do período experimental, aumentando- -o de 90 dias para 180 dias. Trata-se de uma medida “para que as empresas fragilizem as relações de trabalho para o lado dos trabalhadores”.
E as críticas não ficam por aqui: “O governo decidiu manter a norma da caducidade das convenções coletivas de trabalho, o que é revelador da vontade política e mantém a enorme desigualdade de tratamento entre trabalhadores que estão abrangidos e os que não estão, nas diferentes empresas, por qualquer convenção coletiva.”
Este impasse no parque industrial ocorre numa altura em que o i avançou que um grupo de trabalhadores da fábrica de Palmela, denominado Juntos pelos Trabalhadores da Autoeuropa, quer avançar com uma providência cautelar para impedir a implementação dos novos horários de laboração contínua após o período de férias, em agosto. “Há mais de um ano que a administração da Autoeuropa tem adotado uma postura de intransigência para com os trabalhadores para resolver um problema que ela mesma criou. Esta intransigência tem resultado em várias imposições prejudiciais aos trabalhadores, algumas delas levantando várias dúvidas quanto à sua legalidade”, dizem numa comunicação divulgada aos trabalhadores a que o i teve acesso, acrescentando ainda que já que a comissão de trabalhadores (CT) e os sindicatos “não pretendem tirar isto a limpo na justiça, um grupo de trabalhadores está a organizar-se nesse sentido”.
Meta Os novos horários – a fábrica vai funcionar com 19 turnos de laboração depois das férias de agosto: três turnos diários de segunda a sexta e dois turnos diários ao sábado e domingo – foram uma consequência direta do aumento das encomendas do novo SUV. A meta já foi anunciada: atingir até final do ano um volume de produção na ordem dos 240 mil veículos – a maioria dos quais do modelo T-Roc.
O i sabe que, neste momento, já estão a ser produzidos diariamente 870 veículos, dos quais 650 correspondem ao novo SUV, o que dá uma produção de 26 a 27 T-Rocs por hora. Mas a ideia é aumentar para 28 a 29 por hora, com vista a dar resposta à crescente procura.
Aliás, o modelo que está a ser fabricado exclusivamente na Autoeuropa desde agosto vai ter um peso importante nas vendas da marca alemã: o T-Roc deverá representar 40% das vendas da Volkswagen até 2027.