Operadores portuários – uma atividade de mar essencial ao desenvolvimento de qualquer país, região ou cidade


Atores muitas vezes incompreendidos mas de enorme importância para o desenvolvimento da economia do país


Os operadores portuários são no presente, tal como no passado, pela atividade que desenvolvem, atores (trabalhadores e empresas) essenciais para assegurar o abastecimento de qualquer cidade, região ou país, bem como para garantir o escoamento (exportação) dos bens produzidos em Portugal.

Muitas vezes incompreendidos, tanto mais porque a sua atividade obriga a ocupar um espaço na frente ribeirinha, com uma natural eliminação das vistas e constrangimento no acesso direto ao espelho de água – mas, na verdade, a sua estagnação, paragem e ou desaparecimento de determinado local significaria um retrocesso e, em regra, um aumento substancial de custos para os diversos atores, sejam eles empresas exportadoras, agricultores, produtores individuais, comerciantes e até cidadãos, mesmo que indiretamente.

Estas atividades terão naturalmente de obedecer a uma localização geográfica excelente que deve, por regra, procurar ser um ponto forte, próxima dos mercados, na rota da carga e de passageiros, responder com serviços rápidos, custos controlados ou reduzidos, garantindo eficiência e eficácia ao abastecimento e escoamento de produtos e transporte de pessoas.

As atividades que os operadores portuários desenvolvem são muito diversificadas entre os portos e dependem das necessidades que o mercado lhes coloca e das características do local onde se encontra sediado cada porto.

Sendo estas também de enorme importância para a economia do país, na última década, o seu crescimento tem sido constante e bem acima do crescimento médio nacional, inclusive assegurando a Portugal um lugar cimeiro entre os diversos países da Europa segundo os indicadores de desempenho da política pública marítima europeia.

Um dos portos que conheço melhor é o da minha região, o de Lisboa, e mesmo não sendo este um dos que mais se destacam no panorama nacional, por diversas vicissitudes, de acordo com um estudo recentemente publicado pelo prof. Augusto Mateus, as empresas da Comunidade Portuária de Lisboa (CPL) são responsáveis por um valor bruto de 1560 milhões, empregando diretamente cerca de 6600, representando 0,5% do volume de emprego da Área Metropolitana de Lisboa.

O porto de Lisboa especializou-se na “carga contentorizada e dos granéis sólidos” e assegura atualmente a ligação marítima comercial preferencialmente com os países do Mercosul, o leste da União Europeia e as nossas ilhas. No entanto, a sua desatualização tem determinado um menor crescimento e ajustamento, sendo necessário investimento na melhoria das suas infraestruturas e uma otimização e racionalização das áreas existentes, pois a cidade e a região precisam de um porto de Lisboa multidisciplinar, onde os operadores portuários terão o seu lugar para continuarem a garantir a nossa ligação ao mundo.

A ação de política pública do mar, no que diz respeito aos portos, tem tido um sucesso invejável, sendo um fator catalisador para outras atividades de mar. No entanto, a maré não pode vazar, pois as necessidades de crescimento do país continuam a obrigar-nos a apoiar e a manter a renovação e inovação de que este setor continua a precisar.

 

Gestor e analista de políticas públicas

Escreve quinzenalmente à sexta-feira