Surf. Há um novo recorde do Guinness e é português

Surf. Há um novo recorde do Guinness e é português


Tiago “Saca” Pires chamou e os amantes do surf responderam. A praia da Fonte da Telha recebeu, este sábado, 344 pessoas que quiseram participar na EDP Maior aula de surf do mundo. Tudo por uma boa causa.


Tiago Pires não esconde que tem um lema de vida: “Pensar positivo e andar para a frente”. Foi o que fez quando, há uns anos, lhe ocorreu a ideia de fazer em Portugal a maior aula de surf do mundo. Bastaria uma pesquisa rápida no Google e ficaria a saber que o recorde do Guinness estava nas mãos dos australianos. Juntaram-se 320 pessoas, vestidas de Pai Natal, e fizeram história. Agora, já não é assim. Portugal virou a página e escreveu um novo capítulo. Os alunos de Tiago “Saca” Pires juntaram-se aos de muitas outras escolas do país e, com o apoio da EDP, conseguiram que 344 pessoas fizessem história na Fonte da Telha, Almada, no passado sábado. Nasceu assim um novo recorde do Guinness e é português.

“Na vida temos de ser ambiciosos. Vai de encontro ao que fiz na vida. Fui ambicioso e nunca olhei para trás. Olhei sempre para a frente. É preciso trabalhar e pensar positivo. A ideia de fazer este evento nasceu a partir do momento em que me retirei do circuito mundial e decidi abrir uma agência de organização de eventos ligada ao surf. Já tinha pensado isto há uns anos, mas era uma ideia meio vaga. Era apenas um pensamento”, explica, acrescentando que “Portugal, só por si, já tem argumentos suficientes para ter sucesso a nível internacional. Temos todo o tipo de ondas e de praias, mas este evento cria uma celebração para esta atividade que me deu tudo o que tenho na vida. Para muita gente, é uma terapia e até uma forma de salvação, carreira e bem-estar. Então, quisemos juntar toda a gente para celebrar tudo isto”. Quiseram e conseguiram.

Com a iniciativa a apoiar a operação Nariz Vermelho, não houve exceção. Entrar na água com um nariz vermelho marcou o evento que quis também divulgar o trabalho que a associação desenvolve junto de crianças hospitalizadas. “Na aula que estava no recorde do Guinness estavam todos vestidos de Pai Natal e pensei que era giro apostar na associação Nariz Vermelho. Eles gostaram logo da ideia. É muito bom o trabalho que eles fazem e foi perfeito. Tenho muito orgulho em poder contribuir para algo que faz um trabalho tão bom. Nunca é demais ajudar estas organizações”, considera aquele que foi o primeiro surfista português a competir entre a elite mundial.

Também Teresa Loreto, responsável da marca EDP, explica que é muito importante o lado solidário desta conquista porque “muito do que nós fazemos, além da componente sustentável, tem também o lado da importância para a sociedade, e acho importante aliar este dois fatores num evento. É também uma forma de mostrar à sociedade que nos aproximamos dos nossos clientes e nos juntamos a eles em tudo o que faça bem à sociedade e acrescente valor”.

Tendo por base a premissa de que “é cada vez mais importante que as pessoas tenham bons hábitos”, a EDP tem levado a sério o casamento que fez com o desporto há mais de duas décadas. “A EDP está no desporto há mais de 20 anos. Foi das empresas pioneiras do atletismo. Nos últimos anos, temos vindo a assumir-nos como como energia oficial do desporto. Desde 2011, que estamos associados ao surf, com a maior onda, com eventos de surf a nível nacional e internacional e agora com esta maior aula de surf do mundo. Pôr Portugal no Guinness associa-se completamente à estratégia da EDP. É também um evento sustentável: temos várias pessoas a limpar a praia”.

De acordo com a Surfrider Foundation Lisboa, além de ter sido conquistado o título de maior aula de surf do mundo, foram apanhados 100 kg de lixo na praia. “Do ponto de vista ambiental, estamos todos a acordar para isso, mas a verdade é que as praias continuam sujas. A praia da Fonte da Telha, para quem não conhece, é uma praia de uma beleza natural incrível, mas acaba por ser o patinho feio de Almada. Quis fazer o evento ali porque sei do potencial da praia. É ótima para fazer surf e estar, mas está um pouco ao abandono. O meu objetivo é despertar a atenção para aquela praia e despertar a atenção da câmara de Almada, que desde o primeiro dia achou uma ótima ideia e quis apoiar o evento ajudando naquilo que for preciso”, defende Tiago Pires. A questão ambiental sempre foi um pilar para a lenda viva do surf português e teve uma resposta à altura.

E agora que foi conquistado o título de maior aula de surf do mundo? O que acontece? “Acreditamos que é apenas o início”, garante Tiago Pires. “Este evento tem muitas pernas para andar e queremos fazer disto um marco no surf. Aliás, até era para ter acontecido no Dia Internacional do Surf (20 de junho), mas não foi possível. Fica o marco na mesma. E queremos anualmente fazer este evento para marcar este dia tão importante. Também queremos que sirva para debater muitas questões. Achamos importante para discutir a responsabilidade civil, por exemplo. É uma importante forma de contacto entre escolas e relação entre surfistas e banhistas”.

 A verdade é que o surf tem conquistado cada vez mais adeptos e as cidades da costa estão cada vez mais rendidas ao potencial deste desporto que atrai muitos turistas e canaliza chorudas receitas de milhões de euros para os municípios.