O PS chora mas as lágrimas são de crocodilo


Houvesse de resto um óscar para a melhor participação nesta tragicomédia e sem dúvida que o júri teria de atribuí-lo, por unanimidade, a João Galamba


Ao longo dos últimos meses, tive a oportunidade de por diversas vezes criticar a postura pública que o PS desenvolveu face a José Sócrates, bem como ao imbróglio processual em que este e alguns dos seus outrora mais fiéis apêndices vieram paulatinamente a ser envolvidos.

Considerei sempre que esta postura era incompreensivelmente complacente com os implicados, ridiculamente despreocupada face à gravidade das suspeitas ou acusações em curso, e, por isso, um comportamento indigno de um partido com a história do Partido Socialista.

Mas mais. Não sendo socialista, ainda assim, sempre consegui compreender com relativa facilidade a mente de quem o é. Aquilo que faz um socialista sê-lo.

O que nunca consegui compreender foi a mente dos socialistas que, ferozmente, vinham continuando a defender José Sócrates não só como exemplo do passado, mas como salvador do futuro. Esta minha dificuldade nunca nada teve que ver com questões jurídicas, mas antes políticas. É que, convenhamos, aquilo que sempre pareceu ser o melhor para o PS era, sem dúvida, uma demarcação clara da poluente e nefasta sombra socrática.

Ora, entre o final da semana que passou e o início desta, o PS, subitamente, sangrou-se em saúde com uma violência tal que pulverizou do mapa José Sócrates com uma agressividade só comparável à das pulverizações que se fazem para eliminar silvas e ervas daninhas, requeimando-as até à raiz para que não mais consigam renascer. Talvez o tempo ainda possa pregar alguma partida. Mas se alguma vez se chegou mesmo a questionar se Sócrates estava ou não morto politicamente, parece poder-se considerar que agora morreu de vez e às mãos do PS.

Mais: às mãos de alguns dos seus, em tempos, mais próximos seguidores e benjamins. Houvesse de resto um óscar para a melhor participação nesta tragicomédia e sem dúvida que o júri teria de atribuí-lo, por unanimidade, a João Galamba. Que papelão!

E é aqui que me viro para o segundo prisma de observação que tal inesperado movimento “anti-Sócrates” carrega no seu âmago. É que o PS e todos quantos, tendo funções de maior ou menor relevo dentro do Partido Socialista, vieram a terreiro assumir vergonha e pesar pelos novos desenvolvimentos da trama em curso, o que não podem mais uma vez fazer é os portugueses de parvos. Mas alguém acredita que esta inversão de posição é ingénua e não combinada?

Pensarão todos quantos se vieram afirmar envergonhados pelo que se está a passar que alguém neste país acredita que só esta semana acordaram para a dura realidade? Acreditam mesmo que alguém admite a hipótese de tudo isto se ter desenvolvido sem que, dentro do PS, alguém possa sequer, por hipótese, ter tido possíveis desconfianças ou achar algo estranho no que se vinha passando? Vá lá ver… caríssimos António Costa, Carlos César, Augusto Santos Silva, e, claro, João Galamba, seu brincalhão…. Parem de chorar. As lágrimas são de crocodilo e, como outras, quando chegam ao chão já vão secas.
 
Escreve à sexta-feira


O PS chora mas as lágrimas são de crocodilo


Houvesse de resto um óscar para a melhor participação nesta tragicomédia e sem dúvida que o júri teria de atribuí-lo, por unanimidade, a João Galamba


Ao longo dos últimos meses, tive a oportunidade de por diversas vezes criticar a postura pública que o PS desenvolveu face a José Sócrates, bem como ao imbróglio processual em que este e alguns dos seus outrora mais fiéis apêndices vieram paulatinamente a ser envolvidos.

Considerei sempre que esta postura era incompreensivelmente complacente com os implicados, ridiculamente despreocupada face à gravidade das suspeitas ou acusações em curso, e, por isso, um comportamento indigno de um partido com a história do Partido Socialista.

Mas mais. Não sendo socialista, ainda assim, sempre consegui compreender com relativa facilidade a mente de quem o é. Aquilo que faz um socialista sê-lo.

O que nunca consegui compreender foi a mente dos socialistas que, ferozmente, vinham continuando a defender José Sócrates não só como exemplo do passado, mas como salvador do futuro. Esta minha dificuldade nunca nada teve que ver com questões jurídicas, mas antes políticas. É que, convenhamos, aquilo que sempre pareceu ser o melhor para o PS era, sem dúvida, uma demarcação clara da poluente e nefasta sombra socrática.

Ora, entre o final da semana que passou e o início desta, o PS, subitamente, sangrou-se em saúde com uma violência tal que pulverizou do mapa José Sócrates com uma agressividade só comparável à das pulverizações que se fazem para eliminar silvas e ervas daninhas, requeimando-as até à raiz para que não mais consigam renascer. Talvez o tempo ainda possa pregar alguma partida. Mas se alguma vez se chegou mesmo a questionar se Sócrates estava ou não morto politicamente, parece poder-se considerar que agora morreu de vez e às mãos do PS.

Mais: às mãos de alguns dos seus, em tempos, mais próximos seguidores e benjamins. Houvesse de resto um óscar para a melhor participação nesta tragicomédia e sem dúvida que o júri teria de atribuí-lo, por unanimidade, a João Galamba. Que papelão!

E é aqui que me viro para o segundo prisma de observação que tal inesperado movimento “anti-Sócrates” carrega no seu âmago. É que o PS e todos quantos, tendo funções de maior ou menor relevo dentro do Partido Socialista, vieram a terreiro assumir vergonha e pesar pelos novos desenvolvimentos da trama em curso, o que não podem mais uma vez fazer é os portugueses de parvos. Mas alguém acredita que esta inversão de posição é ingénua e não combinada?

Pensarão todos quantos se vieram afirmar envergonhados pelo que se está a passar que alguém neste país acredita que só esta semana acordaram para a dura realidade? Acreditam mesmo que alguém admite a hipótese de tudo isto se ter desenvolvido sem que, dentro do PS, alguém possa sequer, por hipótese, ter tido possíveis desconfianças ou achar algo estranho no que se vinha passando? Vá lá ver… caríssimos António Costa, Carlos César, Augusto Santos Silva, e, claro, João Galamba, seu brincalhão…. Parem de chorar. As lágrimas são de crocodilo e, como outras, quando chegam ao chão já vão secas.
 
Escreve à sexta-feira