Proposta de “centro esquerda” para rever lei de bases da saúde não exclui PPP

Proposta de “centro esquerda” para rever lei de bases da saúde não exclui PPP


Grupo de 44 personalidades, nem todas ligadas à saúde, apresenta hoje no CCB princípios orientadores para rever a lei de 1990, sem excluir o contributo do setor privado


No espaço de poucos meses, é a terceira tomada de posição pública sobre o futuro do sistema de saúde em Portugal. Desta vez, um grupo de 44 personalidades ligadas à academia e vida pública do país, muitas sem uma ligação direta às políticas de saúde dos últimos anos, pretende apresentar princípios orientadores para a revisão da lei de bases da saúde, de 1990. Depois da proposta de António Arnaut e João Semedo, que o Bloco de Esquerda vai levar a votação no parlamento, e de um manifesto de críticos de esquerda que pôs a tónica na promoção da saúde pública e prevenção, o grupo reservou para esta segunda-feira, no CCB, a apresentação das suas propostas.

O médico e antigo bastonário Germano de Sousa, um dos subscritores, adiantou ao i que as ideias serão “um bocadinho diferentes” das que estão em cima da mesa até ao momento, nomeadamente no que diz respeito ao contributo que o setor privado pode dar nos cuidados de saúde prestados à população. 

“O SNS é essencial mas tem de haver uma contribuição do sistema de saúde como um todo, público e privado”, disse ao i. Iniciativas de gestão como as parcerias público-privadas, contestadas pelos partidos à esquerda, não são por isso excluídas. Uma posição mais à direita? O médico fala antes de uma visão de “centro esquerda” e, acima de tudo, um contributo para a reflexão em curso: “Há várias maneiras de pensar o que deve ser o SNS em Portugal, nem todos têm de pensar pela mesma cartilha. Este já é o terceiro manifesto e há de aparecer um quarto e um quinto”.

A proposta surge numa altura em que o governo já mostrou vontade de rever a lei de bases da saúde a tempo dos 40 anos do SNS, que se assinalam em 2019. Nomeou para isso uma comissão liderada pela antiga ministra socialista Maria de Belém Roseira. O objetivo é a apresentação dos termos de referência para a elaboração de uma proposta de lei até ao inicio da sessão legislativa de 2018/2019, portanto para o regresso das férias parlamentares. 

O Bloco de Esquerda, que já apresentou um anteprojeto da sua proposta, pretende antecipar a discussão no parlamento. Como o semanário “SOL” noticiou, a intenção seria levar a proposta elaborada por António Arnaut e João Semedo a discussão ainda esta sessão legislativa. 

Com o tempo a correr, junta-se agora à reflexão este novo movimento. Bagão Félix, António Rendas, Carlos Silva, Guilherme d’Oliveira Martins e os padres Vítor Feytor Pinto e Vítor Melícias são alguns dos subscritores, num grupo que inclui os médicos Fernando de Pádua ou José Fragata. A apresentação pública da iniciativa está marcada para as 15 horas desta segunda-feira na Sala Vianna da Motta, no Centro Cultural de Belém.