Os transportes de mar e de via fluvial


Portugal, um território marítimo com cerca de 4 000 000 km2, transportes de mar e de via fluvial envelhecidos, sem o investimento necessário há mais de 40 anos, precisa urgentemente de uma estratégia, de um plano que agregue projetos e investimento capazes de promover a renovação e reconstrução desses transportes


Os transportes de mar e de via fluvial são de diversos tipos – navios de guerra, cargueiros, petroleiros, porta-contentores, cruzeiros, catamarãs, traineiras, escunas, iates, veleiros, canoas, pranchas, etc., e servem para diversos fins: transporte de mercadorias, de passageiros (regular e turístico), segurança, vigilância e socorro marítimo, pesca e outras atividades económicas, lúdicas de lazer e desporto.

Uma frota, para responder a esta complexidade de funções, é necessária a qualquer país com uma orla costeira, muito mais a Portugal que possui cerca de 987 quilómetros de costa e um território marítimo de cerca de 4 000 000 km2.

No entanto, se nos detivermos nas ações de apoio à renovação e construção da nossa frota (segurança e vigilância, pesca, passageiros e carga), verificamos que Portugal, nos últimos 40 anos, tem vindo a desinvestir fortemente neste setor, bem como a dureza do mar, o confundir uma atividade económica com um regime político, o olhar para a Europa como o porto de abrigo e salvação foram determinantes para o tardar na implementação de uma política pública que assegurasse o desenvolvimento da atividade de mar de forma integrada e holística.

O conjunto destas circunstâncias levaram a um envelhecimento da frota, a empresas de transporte de pequena dimensão e empresários com dificuldade em se associarem, à inexistência de uma estratégia nacional concertada e articulada entre os diversos setores do mar, a metalomecânica e siderurgia quase inexistentes. Tudo isto não permitiu desenvolver ações de política pública que assegurassem a renovação da frota de transporte do mar português.

Por isso, urge que o pensamento crítico do mar, políticos, universidades, associações, investidores e empresas se conectem e abordem esta temática de forma a emergir uma estratégia e um plano que agregue projetos e investimento capazes de promover a renovação e reconstrução do transporte de mar e de via fluvial (segurança e vigilância, pesca, passageiros e carga, náutica de recreio) e o desenvolvimento tecnológico e industrial do país.

Correspondendo a frase “Portugal é mar” a uma realidade factual, os portugueses precisam de transportes de mar e de via fluvial para a sua segurança, locomoção, trabalho, socorro e diversão, e estes terão de se encontrar em excelentes condições e nas necessidades adequadas para um país de mar como Portugal é.

 

Gestor e analista de políticas públicas

Escreve quinzenalmente à sexta-feira