Esta segunda-feira, o Tribunal de Instrução de Lisboa, decidiu que os 19 arguidos no caso dos Comandos, relacionado com a morte de dois recrutas em 2016, irão a julgamento. A procuradora do Ministério Público, Cândida Vilar, evocou o despacho a acusação, pedindo à juíza que levasse todos os militares constituídos arguidos a julgamento.
"Trata-se de crimes cometidos por militares contra militares durante uma prova do curso de Comandos. Abusaram dos deveres funcionais e da disciplina militar. Provocaram graves lesões físicas e neurológicas nos ofendidos e, em duas situações, a morte de dois subordinados", referiu a procuradora, em fevereiro, durante as alegações finais da fase instrutória.
Cândida Vilar defendeu ainda que "há indícios suficientes" para levar a julgamento "todos os arguidos".
As defesas das famílias das vítimas acusaram os militares de falhar no seu dever de proteção dos recrutas, apelando também ao julgamento de todos os arguidos.
O Ministério Público acusou, o ano passado, 19 militares no processo relacionado com a morte dos dois recrutas, considerando que estes agiram com "manifesto desprezo pelas consequências gravosas que provocaram nos ofendidos" e que "os princípios e valores pelos quais se regem os arguidos revelam desrespeito pela vida, dignidade e liberdade da pessoa humana, tratando os ofendidos como pessoas descartáveis".
A acusação refere ainda que os arguidos ao sujeitarem os recrutas a uma "penosidade física e psicológica" durante a recruta, sabiam que estavam a exceder limites e a colocar "em risco a vida e a saúde dos ofendidos".