Quem responderá em caso de nova tragédia com fogos?


António Costa é um mestre das jogadas políticas e foge às suas responsabilidades com uma habilidade notável. Os incêndios provocaram a morte a mais de 100 pessoas e o parlamento pediu um relatório a uma comissão técnica independente que chegou a conclusões muito claras – houve negligência da Proteção Civil – mas o primeiro-ministro nada…


António Costa demonstra uma irresponsabilidade gritante no assunto, mas não se importa, pois a oposição é quase a sua guarda pretoriana e a geringonça pouco ou nada diz sobre uma das maiores tragédias que ocorreram nos últimos anos em Portugal. Independentemente das questões políticas, não deixa de ser altamente preocupante que os peritos que analisaram os incêndios de outubro e se pronunciaram sobre as medidas tomadas pelo executivo tenham dito que a limpeza das matas pode contribuir para novos fogos. Alguém tomou a decisão de alterar algumas das regras impostas, nomeadamente o corte das copas das árvores de tantos em tantos metros? Alguém chamou os reputados técnicos e lhes pediu ajuda para dizerem o que deve ou não ser feito até que chegue a época dos incêndios? Costa diz à “Visão” que não se demitirá se tal tragédia voltar a acontecer.

Jorge Coelho, seu colega de partido que voltou em força ao palco partidário, demitiu-se quando era ministro das Obras Públicas depois de cair a ponte de Entre-os-Rios. O primeiro- -ministro não pensa assim e está no seu direito, mas podia fazer mais alguma coisa para evitar novas tragédias: bastava ler com atenção o relatório da comissão independente e tomar medidas preventivas. Não sou eu que o digo, são os peritos que fizeram o tal relatório.

O que dirá o primeiro-ministro se os técnicos tiverem razão e as limpezas agora realizadas contribuírem para o alastramento de futuros fogos? Quem será o responsável por não se ter feito nada? Acredito que ninguém.