Ports, hubs, polos ou campus, o que seja


Os concelhos e regiões estão preparados e à espera de espaços físicos especializados e estruturados, independentemente da sua denominação, port tech clusters, hubs tecnológicos e empresariais, polos marítimos ou campus do mar, para um maior desenvolvimento da atividade da economia do mar, pois não podemos ter somente cidades marítimas como cidades-postais


O reconhecimento da necessidade de identificar, potenciar, valorizar e desen-volver espaços de excelência em alguns concelhos/regiões específicas associados à economia do mar será determinante para se garantir geograficamente um desenvolvimento harmonioso do país e afirmar a política pública do mar como geradora de atividade económica inovadora e sustentada por emprego qualificado e duradouro.

Chamem-lhe port tech clusters, hubs tecnológicos e empresariais, pólos marítimos ou campus do mar, não importa, falar deles ou referi-los em documentos ou conferências é bom, mas não chega. O mais importante é implementá-los, desenvolvê-los, dotá-los de um modelo adequado de gestão, de instrumentos físicos, financeiros e humanos para que possam agregar, simplificar, criar sinergias, racionalizar recursos, oferecer condições para que a política pública de economia do mar disponha de instrumentos/espaços constitutivos e distributivos, isto é, um pólo que potencie as oportunidades, gere mais-valias e nos suporte na afirmação como potencial económico e social na Europa e no mundo.

Espaços físicos localizados, de preferência na frente de mar, numa área do território onde se encontrem atores com relevância na economia do mar são os ideais, pois tal beneficiaria muito a imagem e marca do projeto, sendo expetável que nestes espaços se alojem, se possível, serviços públicos, centros de I&D, aceleradores e incubadoras, empresas consolidadas e jovens, lojas e armazéns, zona de lazer e restauração.

Para que estes espaços tenham um sucesso sustentado é necessário, aquando da sua criação, o estabelecimento de parcerias sólidas, nomeadamente entre o governo, empresas de grande ou média dimensão, centros de I&D, municípios e outros atores locais de relevância, devendo cada espaço especializar-se numa determinada área de atividade da economia do mar.

A demora na sua implementação levar–nos-á certamente a perder oportunidades e a atrasar o crescimento e de-senvolvimento de uma atividade económica para a qual o país está vocacionado, tornando-se por isso premente a sua especialização e cimentação. No entanto, vai ocorrendo alguma, em resultado do trabalho do Ministério do Mar e de outros atores locais, câmaras e empresas, dando relevo a concelhos/regiões, designadamente: Viana do Castelo, cidade industrial do mar; Sines e Setúbal, cidades do transporte marítimo; Faro e Olhão, cidades de aquacultura; Ponta Delgada, cidade do mar profundo; Lisboa, cidade do turismo náutico e de cruzeiro; Funchal, cidade do shipping e cruzeirismo; Peniche, Leiria e Aveiro, cidades das novas tendências marítimas.

O caminho que tem vindo a abrir-se é manifestamente insuficiente. Tendo em consideração os investimentos e os acertos políticos, é pois necessário o empenho e envolvimento de todos os atores do país, em particular do governo, bancos e grandes empresas.

 

Gestor e analista de políticas públicas Escreve quinzenalmente à sexta-feira