Incêndios. A má-fé de António Costa


Nunca fui corporativista e sempre tive alguma alergia ao sentimento de classe. Os jornalistas não estão acima de ninguém e, se criticam os outros, também se devem sujeitar à crítica. É por isso que nunca respondi a comentários pouco ou nada simpáticos, e aos ordinários muito menos, pois entendo que, se tenho o direito de…


Nunca fui corporativista e sempre tive alguma alergia ao sentimento de classe. Os jornalistas não estão acima de ninguém e, se criticam os outros, também se devem sujeitar à crítica. É por isso que nunca respondi a comentários pouco ou nada simpáticos, e aos ordinários muito menos, pois entendo que, se tenho o direito de escrever o que penso, também os outros o têm.

Posto isto, o que se passa com António Costa e os jornalistas é bem diferente. Tem os seus amigos, e muito bem, a quem dá ou manda dar as notícias favoráveis ao seu governo, e está no seu direito. Sempre foi assim: quem governa gosta de dar as boas notícias a quem muito bem entende. O pior é quando se tenta fazer contrainformação.Recordo–me de um secretário de Estado que sempre que eu lhe ligava para o confrontar com uma questão polémica dizia cobras e lagartos do seu ministro – chamando-lhe banana – e ameaçava-me que ia dar essa história, com outra versão, a outro jornal, cortando dessa forma o efeito de surpresa da notícia, que só sairia no fim de semana.

A verdade é que essa notícia saía no dia seguinte noutro jornal, numa versão floreada e tentando “matar” a verdadeira notícia. Cada um faz o que bem entende, mas claro que achava desprezível o que o tal secretário de Estado fazia, já que não se preocupava com a verdade, mas sim em safar o seu gabinete.

Bem diferente é o que tem feito António Costa em tudo o que diz respeito aos incêndios.Para tapar o desastre total que foi o combate aos incêndios por parte do seu executivo – quem não se recorda de um secretário de Estado preocupado com as notícias que davam conta das vítimas mortais? –, Costa diz que a culpa é dos jornalistas, que só acordaram a meio da tragédia. Percebo que os últimos indicadores da economia, do desemprego e das melhorias para a população levem o primeiro-ministro a pensar que é intocável e pode dizer o que bem entender. Pode, é verdade. Mas culpar, mesmo que implicitamente, os jornalistas pela morte de mais de 100 pessoas vítimas dos incêndios de junho e outubro passado é inqualificável e revela má-fé.


Incêndios. A má-fé de António Costa


Nunca fui corporativista e sempre tive alguma alergia ao sentimento de classe. Os jornalistas não estão acima de ninguém e, se criticam os outros, também se devem sujeitar à crítica. É por isso que nunca respondi a comentários pouco ou nada simpáticos, e aos ordinários muito menos, pois entendo que, se tenho o direito de…


Nunca fui corporativista e sempre tive alguma alergia ao sentimento de classe. Os jornalistas não estão acima de ninguém e, se criticam os outros, também se devem sujeitar à crítica. É por isso que nunca respondi a comentários pouco ou nada simpáticos, e aos ordinários muito menos, pois entendo que, se tenho o direito de escrever o que penso, também os outros o têm.

Posto isto, o que se passa com António Costa e os jornalistas é bem diferente. Tem os seus amigos, e muito bem, a quem dá ou manda dar as notícias favoráveis ao seu governo, e está no seu direito. Sempre foi assim: quem governa gosta de dar as boas notícias a quem muito bem entende. O pior é quando se tenta fazer contrainformação.Recordo–me de um secretário de Estado que sempre que eu lhe ligava para o confrontar com uma questão polémica dizia cobras e lagartos do seu ministro – chamando-lhe banana – e ameaçava-me que ia dar essa história, com outra versão, a outro jornal, cortando dessa forma o efeito de surpresa da notícia, que só sairia no fim de semana.

A verdade é que essa notícia saía no dia seguinte noutro jornal, numa versão floreada e tentando “matar” a verdadeira notícia. Cada um faz o que bem entende, mas claro que achava desprezível o que o tal secretário de Estado fazia, já que não se preocupava com a verdade, mas sim em safar o seu gabinete.

Bem diferente é o que tem feito António Costa em tudo o que diz respeito aos incêndios.Para tapar o desastre total que foi o combate aos incêndios por parte do seu executivo – quem não se recorda de um secretário de Estado preocupado com as notícias que davam conta das vítimas mortais? –, Costa diz que a culpa é dos jornalistas, que só acordaram a meio da tragédia. Percebo que os últimos indicadores da economia, do desemprego e das melhorias para a população levem o primeiro-ministro a pensar que é intocável e pode dizer o que bem entender. Pode, é verdade. Mas culpar, mesmo que implicitamente, os jornalistas pela morte de mais de 100 pessoas vítimas dos incêndios de junho e outubro passado é inqualificável e revela má-fé.