O que não fazer antes de um sismo


O principal risco que corremos na sequência de um sismo é sermos vítimas do colapso da nossa habitação. Como podemos evitá-lo?


Esta pergunta justifica-se porque importa lembrar que os sismos são, no nosso país e no que respeita a ocorrências singulares, os eventos de origem natural que causaram (e potencialmente causarão) maior número de vítimas, destruição e perdas económicas.

Certamente que, deste ponto de vista, o que não deve ser feito é acreditar que os sismos não são uma ameaça real. O passado mostra que o grande sismo de 1755 não foi a única realidade marcante no nosso território. Grandes sismos ocorreram quer no Continente, quer nos Açores. A título de exemplos: Lisboa (1321), Lisboa ao Algarve (1356), S. Miguel (1522 – 5 mil a 6 mil mortes), Lisboa (1531 – milhares de mortes), Lisboa ao Algarve (1755 – dezenas de milhares de mortes), São Jorge (1757 – 1000 mortes), Benavente (1909 – 40 mortes), Terceira (1980 – 61 mortes).

Num segundo nível de justificação porque, se nem todos saberão o que fazer antes de um sismo, provavelmente menos terão noção de que há coisas que não devem ser feitas.

O principal risco que corremos na sequência de um sismo intenso é que sejamos vítimas do colapso da nossa habitação e/ou que esta fique de tal forma danificada que não seja mais recuperável.

A observação de situações reais pós-sismo em várias partes do mundo levam–me a concluir que uma parte significativa de colapsos estruturais e consequentes fatalidades se devem a intervenções erradamente feitas nas estruturas que as debilitaram do ponto de vista do seu comportamento face aos sismos.

Infelizmente, muitas dessas intervenções são também visíveis, e outras invisíveis mas reais, em muitas edificações nas quais vivemos.

De que se trata então?

A maior parte corresponde à eliminação de elementos estruturais, nomeadamente paredes resistentes de edifícios antigos, com colocação de vigas, normalmente com a finalidade de aumentar a área de uma sala ou meramente de conseguir uma nova distribuição das divisórias da habitação. Noutros casos aumenta-se a altura de uma construção, muitas vezes com incremento desproporcionado do peso da sua cobertura e sem ter em conta a sua fragilidade.

Embora tal possa não comprometer a segurança da estrutura face às ações verticais (o que explica que a estrutura possa permanecer estável devido ao seu peso e ao peso do recheio da casa), o mesmo não é verdade no caso de um sismo, em cujo caso a viga que substituiu a parede não conferirá qualquer resistência às ações horizontais.

Fica aqui, então, um conselho.

Não remova, nem deixe que alguém o faça, paredes resistentes no seu edifício, sejam elas na sua habitação ou na de qualquer vizinho ou para abertura de uma nova montra numa loja no piso térreo, e questione qualquer empreiteiro, arquiteto ou engenheiro que lhe proponha tal ação.

Não altere ou deixe alterar uma estrutura sem que alguém credível lhe garanta a sua segurança. 

Se pretende reabilitar a sua habitação, contacte um arquiteto e um engenheiro que lhe deem garantias de entender os riscos da intervenção. 

Ao assegurar o que não fazer antes de um sismo estará, provavelmente, a salvar vidas, inclusive a sua.

Já agora, se quer também saber o que fazer antes de um sismo, aqui ficam algumas sugestões:

– https://knowriskproject.com

– http://www.prociv.pt/pt-pt/RISCOSPREV/RISCOSNAT/SISMOS

– http://www.aterratreme.pt/os-7-passos/

– https://www.ipma.pt/pt/enciclopedia/

geofisica/caso.sismo

Lembre-se: os sismos são inevitáveis; as tragédias, não.

Professor do Instituto Superior Técnico


O que não fazer antes de um sismo


O principal risco que corremos na sequência de um sismo é sermos vítimas do colapso da nossa habitação. Como podemos evitá-lo?


Esta pergunta justifica-se porque importa lembrar que os sismos são, no nosso país e no que respeita a ocorrências singulares, os eventos de origem natural que causaram (e potencialmente causarão) maior número de vítimas, destruição e perdas económicas.

Certamente que, deste ponto de vista, o que não deve ser feito é acreditar que os sismos não são uma ameaça real. O passado mostra que o grande sismo de 1755 não foi a única realidade marcante no nosso território. Grandes sismos ocorreram quer no Continente, quer nos Açores. A título de exemplos: Lisboa (1321), Lisboa ao Algarve (1356), S. Miguel (1522 – 5 mil a 6 mil mortes), Lisboa (1531 – milhares de mortes), Lisboa ao Algarve (1755 – dezenas de milhares de mortes), São Jorge (1757 – 1000 mortes), Benavente (1909 – 40 mortes), Terceira (1980 – 61 mortes).

Num segundo nível de justificação porque, se nem todos saberão o que fazer antes de um sismo, provavelmente menos terão noção de que há coisas que não devem ser feitas.

O principal risco que corremos na sequência de um sismo intenso é que sejamos vítimas do colapso da nossa habitação e/ou que esta fique de tal forma danificada que não seja mais recuperável.

A observação de situações reais pós-sismo em várias partes do mundo levam–me a concluir que uma parte significativa de colapsos estruturais e consequentes fatalidades se devem a intervenções erradamente feitas nas estruturas que as debilitaram do ponto de vista do seu comportamento face aos sismos.

Infelizmente, muitas dessas intervenções são também visíveis, e outras invisíveis mas reais, em muitas edificações nas quais vivemos.

De que se trata então?

A maior parte corresponde à eliminação de elementos estruturais, nomeadamente paredes resistentes de edifícios antigos, com colocação de vigas, normalmente com a finalidade de aumentar a área de uma sala ou meramente de conseguir uma nova distribuição das divisórias da habitação. Noutros casos aumenta-se a altura de uma construção, muitas vezes com incremento desproporcionado do peso da sua cobertura e sem ter em conta a sua fragilidade.

Embora tal possa não comprometer a segurança da estrutura face às ações verticais (o que explica que a estrutura possa permanecer estável devido ao seu peso e ao peso do recheio da casa), o mesmo não é verdade no caso de um sismo, em cujo caso a viga que substituiu a parede não conferirá qualquer resistência às ações horizontais.

Fica aqui, então, um conselho.

Não remova, nem deixe que alguém o faça, paredes resistentes no seu edifício, sejam elas na sua habitação ou na de qualquer vizinho ou para abertura de uma nova montra numa loja no piso térreo, e questione qualquer empreiteiro, arquiteto ou engenheiro que lhe proponha tal ação.

Não altere ou deixe alterar uma estrutura sem que alguém credível lhe garanta a sua segurança. 

Se pretende reabilitar a sua habitação, contacte um arquiteto e um engenheiro que lhe deem garantias de entender os riscos da intervenção. 

Ao assegurar o que não fazer antes de um sismo estará, provavelmente, a salvar vidas, inclusive a sua.

Já agora, se quer também saber o que fazer antes de um sismo, aqui ficam algumas sugestões:

– https://knowriskproject.com

– http://www.prociv.pt/pt-pt/RISCOSPREV/RISCOSNAT/SISMOS

– http://www.aterratreme.pt/os-7-passos/

– https://www.ipma.pt/pt/enciclopedia/

geofisica/caso.sismo

Lembre-se: os sismos são inevitáveis; as tragédias, não.

Professor do Instituto Superior Técnico