Ainda não terminou oficialmente a fase epidémica da gripe sazonal mas o número de casos diminuiu pela quinta semana consecutiva. Parece assim estar cada vez mais perto de ser superada uma das preocupações do inverno. O balanço do número de mortes só deverá ser conhecido nos próximos meses, mas esta é a segunda semana consecutiva em que a mortalidade surge dentro do expectável para esta altura do ano, sendo que nos meses de inverno morrem habitualmente mais pessoas do que nos meses de verão, por exemplo fruto da descompensação de doenças crónicas agravadas pelo frio.
De acordo com o último balanço da Direção Geral da Saúde, “a atividade gripal em Portugal mantém-se em níveis epidémicos, com baixa intensidade e tendência decrescente”. A informação resulta em parte da análise do Instituto Ricardo Jorge, que tem uma rede de vigilância da evolução da epidemia de gripe com base numa rede de médicos “sentinela” nos centros de saúde e hospitais. De acordo com o último boletim epidemiológico do instituto, estamos perante o “provável final do período epidémico”. Ainda assim, na última semana a gripe ainda levou 17 pessoas às Unidades de Cuidados Intensivos dos hospitais, 13 das quais tinham doença crónica subjacente. O estado vacinal só é conhecido em sete doentes e, destes, só dois tinham feito a vacina contra a gripe. Desde o início da época foram notificados 119 casos de gripe pelas 24 Unidades de Cuidados Intensivos que participam na vigilância. Dos 57 casos em que o estado vacinal é conhecido, só nove doentes (16%) estavam vacinados contra a gripe sazonal.
Apesar dos relatos de dificuldades e serviços congestionados nos hospitais, a gripe em si acabou por não ser tão severa como fazia temer a experiência em países do hemisfério Sul. Na Europa, embora a maioria dos países apresente uma situação idêntica à portuguesa, o cenário no Reino Unido tem sido descrito como mais preocupante, com especial atenção para o vírus H3N2, o mesmo que causou um recorde de hospitalizações na Austrália. Também nos EUA esta foi a estirpe predominante e estimativas divulgadas ontem revelam uma baixa eficácia da vacina, na casa dos 36%. Por cá, essa situação não se verifica: o vírus da gripe B foi o predominante desde o início da época da gripe.