Miguel Pinto Luz: “Não quero o PSD como cópia do PS”

Miguel Pinto Luz: “Não quero o PSD como cópia do PS”


Crítico de Rio diz estranhar que novo líder se apresente “como candidato a número 2” nas eleições


O crítico quebrou o silêncio. Depois de a carta que escreveu ao líder-eleito do PSD, Rui Rio, vir a público, Miguel Pinto Luz foi à SIC-Notícias clarificar as razões do seu ato. “Receio” foi a palavra mais utilizada. “PS”, “Bloco Central” e o próprio Rui Rio como destinatários, insistindo na ideia de que só há uma opção para o líder-eleito: “Ganhar eleições” legislativas em 2019. 

“O PSD tem de apresentar um projeto alternativo para o país. Não existe democracia sem alternativa”, afirmou, rejeitando o espírito de aproximação ao Partido Socialista que vê nos apoiantes e na respetiva candidatura de Rio. “O PSD não pode ser uma cópia do PS, porque se assim for, na hora de votar, os portugueses vão preferir o original e não a cópia”, justificou. 

Pinto Luz, ex-presidente da distrital de Lisboa, ex-secretário de Estado de Passos Coelho, e número 2 da Câmara Municipal Cascais, viu Rio descartar responder-lhe e Salvador Malheiro, líder do PSD de Aveiro e diretor da campanha de Rio, acusá-lo de “irresponsabilidade” por querer que Rio rejeite à partida aprovar o próximo Orçamento de Estado do governo do PS, “que ainda não se conhece”.

Miguel Pinto Luz insiste. “A moção de Rio podia ser colada ao PS”. E à SIC diz temer “cada vez mais” que haja sequer essa possibilidade de ver o PS aprovar (ou deixar passar) aquele Orçamento que seria, supostamente, o último da ‘geringonça’ e desta legislatura. “E isso só reforça a pertinência desta carta porque, de facto, os comentários que têm aparecido apontam nesse sentido. Isso preocupa-me”, disse “sem querer ter a arrogância” de colocar-se “na cabeça de Rui Rio”. 

“É ele que tem de saber isso e de clarificá-lo em congresso”, pediu também. “É o local que democraticamente exige para esse propósito. Quando sou criticado por ‘divisionismo’ ou de ‘querer meter-me em bicos de pés’, a minha resposta é simples: eu tenho 22 anos de militância neste partido. E é no congresso que falamos”, ripostou, a algumas críticas do lado rioísta. 

“Discutir, em democracia, é apresentar alternativas, apresentar ideias, apontar omissões, lacunas, e pedir esclarecimentos”, justifica o antigo líder do PSD/Lisboa. E o dirigente social-democrata vai-se assim colocando como primeira voz “alternativa” à nova liderança, quando muitos olhavam para outro proto-candidato, Luís Montenegro, como voz mais assertiva contra Rio. 

“Surpreendeu-me muito. Estranhei imenso. Que um homem que ganhou a Câmara Municipal do Porto com maiorias sucessivas, um autarca de referência no PSD, se apresentasse com um discurso [de candidato a 2º lugar nas legislativas, contra o PS]”, admitiu. “Isso fragiliza imenso o PSD. Nunca fomos um partido muleta”.