Que memórias guarda do início da amizade com Marcelo?
Conhecemo-nos aos 16 meses no Lar da Criança da Bertinha Ávila de Melo, que era a diretora. Éramos grandes alunos, fizemos a quarta classe mas depois não nos deixaram fazer o exame de admissão porque não tínhamos dez anos feitos até setembro. Foi esse ano que nos aproximou.
Não foi aborrecido?
Não, nós é que dávamos aulas. E depois havia competições, os melhores jornais de parede. O Lar da Criança tinha os alunos organizados em quatro casas e a Bertinha convidava os melhores alunos para presidentes. Lembro-me de dizer-lhe que preferia ser tesoureiro na casa do Marcelo do que ser presidente da minha.
O que vos unia?
Não sei, alguma coisa tem de haver. Aqueles 11 anos de escola cimentaram uma amizade para a vida. Lembro-me de ter chorado imenso quando a minha mãe me pôs no Colégio Moderno e ele ficou no Pedro Nunes. Todos os planos que eu fazia para a minha vida, aqueles sonhos de miúdo, era sempre eu e o Marcelo. E mais as nossas amigas da altura, claro.
Estavam misturados?
O colégio era misto, o que era raro, mas tínhamos aulas separadas. Aliás o castigo que mais me marcou foi uma vez a Bertinha obrigar-me a ir de bibe de menina para uma aula das meninas.
Hoje seria politicamente incorreto.
E até tenho pena de dizer isto porque a Bertinha era uma pedagoga fenomenal. Mas tive esse castigo e lembro-me bem da razão.
Qual foi?
Ter contado a um grupo como é que os filhos nasciam. Disse um palavrão. Tenho muito boas memórias, fiz a primeira comunhão.
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