21 meses para reconquistar os portugueses


Sem atiradores furtivos a dividir, sem militantes que vendam a alma ao diabo e sem aqueles para quem os fins justificam os meios, unir o partido dependerá exclusivamente da vontade de Rui Rio


Está virada a página no PSD. Fui entusiasta e dei a cara pela candidatura de Pedro Santana Lopes. Mas Rui Rio é o meu líder desde que os votos foram contados, na noite de 13 de janeiro. Confio que Rui Rio saiba, parafraseando o lema de Santana Lopes, “unir o partido e ganhar o país”. É esse o duplo desafio do novo líder do PSD. 

O primeiro não encerra particular dificuldade. Os militantes do PSD não farão a Rui Rio e à sua liderança o que alguns apoiantes da sua candidatura fizeram ao líder cessante. Ou seja, sem atiradores furtivos a dividir, sem militantes que vendam a alma ao diabo e sem aqueles para quem os fins justificam os meios, “unir o partido” dependerá exclusivamente da vontade e da capacidade de Rui Rio. O que a história do PSD mostra é que, sem abdicar da discussão interna livre e crítica, os militantes estão sempre unidos em torno de lideranças que se afirmem tanto pelos seus princípios como pela sua capacidade mobilizadora do eleitorado. 

O segundo objetivo é de maior ambição. Faltam 21 meses para as próximas eleições legislativas. É mais do que tempo suficiente para apresentar e consolidar uma proposta política radicalmente alternativa ao socialismo de Estado que temos. 

Que proposta pode ser essa? 

Uma que seja capaz de ir ao encontro daqueles para quem a frente de esquerda não está manifestamente interessada em governar. 

Os sociais-democratas querem um programa que se proponha superar os desafios da classe média, que dê ambição aos jovens e aos profissionais liberais, que reflita as preocupações das abandonadas gentes do interior, que permita a ultrapassagem dos obstáculos que impedem as empresas e os empreendedores de criar ainda mais valor. 

O país precisa que o PSD tenha um programa que ataque os problemas estruturais do Estado social que estão a agravar–se em setores críticos como a saúde, a educação ou a justiça. A nossa viabilidade como nação exige que o PSD pense o futuro do mercado do trabalho à luz das evoluções tecnológicas e reflita sobre o futuro de Portugal na quarta revolução industrial. Rui Rio foi eleito com a promessa de reformas no horizonte. É sobre elas que tem de criar uma nova agenda política. Com mais sinais de alternativa e menos de alternância face ao PS. 

Os portugueses, por fim, esperam que o PSD se apresente para ganhar nas eleições de 2019. É dever histórico do PSD fazê-lo. Ganhar as terceiras legislativas consecutivas é possível. 

Em janeiro de 2015, ninguém diria que o PSD venceria as eleições de setembro. E, todavia, ganhámos. Em política não há resultados feitos à partida. 

A tarefa do PSD até 2019 não é, nem por sombras, mais difícil do que a montanha que o partido teve de escalar em 2015. Olhemos para as lições desse ano e aprendamos decisivamente com elas. 

E aqui chego a Pedro Passos Coelho. A honra e a ética são matérias-primas escassas na política. Pedro Passos Coelho nunca foi parco em nenhuma delas. Desde o momento em que entrou até ao momento em que decidiu sair. Pelo seu próprio pé, no seu tempo, com a cabeça erguida. A serenidade com que Passos Coelho cumpre o seu mandato até ao fim, digna de um cavalheiro e de um democrata que respeita as instituições, é de uma elegância que sobressai por entre a chinfrineira na arena pública. 

Pedro Passos Coelho é um titã na nossa política contemporânea. E não são derrotas momentâneas que põem em causa as vitórias permanentes – como a (re)conquista da independência do país, governado de forma patriótica, em tons de verde e vermelho, sem nunca, ao contrário de outros no passado, pôr o laranja na gaveta. 

O projeto de reforma do governo PSD/CDS chocou sempre com as forças dependentes dos favores do Estado e com um bloco de interesses estabelecidos. As castas oligárquicas nunca perdoaram a Passos Coelho a ousadia de pôr em causa os fundamentos de um regime especializado em favorecer os mesmos de sempre, como se viu, à custa do prejuízo de todos. Essas supostas elites criaram sobre Pedro Passos Coelho um ambiente de grande hostilidade que tem contaminado parte da classe política e da opinião publicada. O que as oligarquias ainda não perceberam, como dizia o outro, é que sendo possível enganar algumas pessoas o tempo todo e todas as pessoas durante algum tempo, não é possível enganar todas as pessoas o tempo todo. Tenho a convicção de que a História, mais cedo do que tarde, se fará sobre o legado de Pedro Passos Coelho. Como se provará, esse legado não é passado: é futuro. 

Fechou-se um ciclo para um líder carismático do partido. Também para mim, que tive a honra e o privilégio de o acompanhar no serviço ao PSD e ao país, se fecha o ciclo nos cargos nacionais do partido. Estarei, como tenho estado, na defesa de Cascais e do poder local mais descentralizado e moderno. Terei como meus, como sempre tenho tido, os combates por um país mais livre, por um Estado mais solidário e por um Portugal mais decente para as gerações mais jovens. Defenderei, como sempre defendi, os valores da social-democracia contra todos os seus inimigos, internos ou externos. Portugal precisa de um PSD grande e forte. É em Rui Rio que o PSD confia. 

Escreve à quarta-feira


21 meses para reconquistar os portugueses


Sem atiradores furtivos a dividir, sem militantes que vendam a alma ao diabo e sem aqueles para quem os fins justificam os meios, unir o partido dependerá exclusivamente da vontade de Rui Rio


Está virada a página no PSD. Fui entusiasta e dei a cara pela candidatura de Pedro Santana Lopes. Mas Rui Rio é o meu líder desde que os votos foram contados, na noite de 13 de janeiro. Confio que Rui Rio saiba, parafraseando o lema de Santana Lopes, “unir o partido e ganhar o país”. É esse o duplo desafio do novo líder do PSD. 

O primeiro não encerra particular dificuldade. Os militantes do PSD não farão a Rui Rio e à sua liderança o que alguns apoiantes da sua candidatura fizeram ao líder cessante. Ou seja, sem atiradores furtivos a dividir, sem militantes que vendam a alma ao diabo e sem aqueles para quem os fins justificam os meios, “unir o partido” dependerá exclusivamente da vontade e da capacidade de Rui Rio. O que a história do PSD mostra é que, sem abdicar da discussão interna livre e crítica, os militantes estão sempre unidos em torno de lideranças que se afirmem tanto pelos seus princípios como pela sua capacidade mobilizadora do eleitorado. 

O segundo objetivo é de maior ambição. Faltam 21 meses para as próximas eleições legislativas. É mais do que tempo suficiente para apresentar e consolidar uma proposta política radicalmente alternativa ao socialismo de Estado que temos. 

Que proposta pode ser essa? 

Uma que seja capaz de ir ao encontro daqueles para quem a frente de esquerda não está manifestamente interessada em governar. 

Os sociais-democratas querem um programa que se proponha superar os desafios da classe média, que dê ambição aos jovens e aos profissionais liberais, que reflita as preocupações das abandonadas gentes do interior, que permita a ultrapassagem dos obstáculos que impedem as empresas e os empreendedores de criar ainda mais valor. 

O país precisa que o PSD tenha um programa que ataque os problemas estruturais do Estado social que estão a agravar–se em setores críticos como a saúde, a educação ou a justiça. A nossa viabilidade como nação exige que o PSD pense o futuro do mercado do trabalho à luz das evoluções tecnológicas e reflita sobre o futuro de Portugal na quarta revolução industrial. Rui Rio foi eleito com a promessa de reformas no horizonte. É sobre elas que tem de criar uma nova agenda política. Com mais sinais de alternativa e menos de alternância face ao PS. 

Os portugueses, por fim, esperam que o PSD se apresente para ganhar nas eleições de 2019. É dever histórico do PSD fazê-lo. Ganhar as terceiras legislativas consecutivas é possível. 

Em janeiro de 2015, ninguém diria que o PSD venceria as eleições de setembro. E, todavia, ganhámos. Em política não há resultados feitos à partida. 

A tarefa do PSD até 2019 não é, nem por sombras, mais difícil do que a montanha que o partido teve de escalar em 2015. Olhemos para as lições desse ano e aprendamos decisivamente com elas. 

E aqui chego a Pedro Passos Coelho. A honra e a ética são matérias-primas escassas na política. Pedro Passos Coelho nunca foi parco em nenhuma delas. Desde o momento em que entrou até ao momento em que decidiu sair. Pelo seu próprio pé, no seu tempo, com a cabeça erguida. A serenidade com que Passos Coelho cumpre o seu mandato até ao fim, digna de um cavalheiro e de um democrata que respeita as instituições, é de uma elegância que sobressai por entre a chinfrineira na arena pública. 

Pedro Passos Coelho é um titã na nossa política contemporânea. E não são derrotas momentâneas que põem em causa as vitórias permanentes – como a (re)conquista da independência do país, governado de forma patriótica, em tons de verde e vermelho, sem nunca, ao contrário de outros no passado, pôr o laranja na gaveta. 

O projeto de reforma do governo PSD/CDS chocou sempre com as forças dependentes dos favores do Estado e com um bloco de interesses estabelecidos. As castas oligárquicas nunca perdoaram a Passos Coelho a ousadia de pôr em causa os fundamentos de um regime especializado em favorecer os mesmos de sempre, como se viu, à custa do prejuízo de todos. Essas supostas elites criaram sobre Pedro Passos Coelho um ambiente de grande hostilidade que tem contaminado parte da classe política e da opinião publicada. O que as oligarquias ainda não perceberam, como dizia o outro, é que sendo possível enganar algumas pessoas o tempo todo e todas as pessoas durante algum tempo, não é possível enganar todas as pessoas o tempo todo. Tenho a convicção de que a História, mais cedo do que tarde, se fará sobre o legado de Pedro Passos Coelho. Como se provará, esse legado não é passado: é futuro. 

Fechou-se um ciclo para um líder carismático do partido. Também para mim, que tive a honra e o privilégio de o acompanhar no serviço ao PSD e ao país, se fecha o ciclo nos cargos nacionais do partido. Estarei, como tenho estado, na defesa de Cascais e do poder local mais descentralizado e moderno. Terei como meus, como sempre tenho tido, os combates por um país mais livre, por um Estado mais solidário e por um Portugal mais decente para as gerações mais jovens. Defenderei, como sempre defendi, os valores da social-democracia contra todos os seus inimigos, internos ou externos. Portugal precisa de um PSD grande e forte. É em Rui Rio que o PSD confia. 

Escreve à quarta-feira