O mais recente discurso de Ano Novo de Kim Jong-un teria sido igual a tantos outros, não tivesse o líder supremo da Coreia do Norte – entre ameaças aos Estados Unidos e promessas de continuação da produção “massiva” de ogivas nucleares e mísseis balísticos – sugerido o envio de uma delegação norte-coreana a Pyeongchang, na vizinha Coreia do Sul, palco principal dos Jogos Olímpicos de Inverno, que terão início a 9 de fevereiro.
Seul não tardou a reagir e esta terça-feira anunciou a sua disponibilidade para conversações de alto nível com Pyongyang, durante o certame.
Num comunicado ao país, o ministro sul-coreano da Unificação, Cho Myoung-gyon, lembrou a vontade do presidente Moon Jae-in em “restaurar imediatamente” os “canais de comunicação intercoreanos” entretanto suspensos, e propôs um encontro entre representantes dos dois países, a ter lugar em Panmunjom, a chamada “aldeia da trégua”, situada na zona desmilitarizada que se estende ao longo da linha divisória que separa a península em dois.
O ponto de partido dessas conversas estaria focado nos aspectos logísticos de uma eventual deslocação da comitiva norte-coreana a Pyeongchang, mas objetivo de Seul seria o de transformar este primeiro encontro numa base sólida para futuras discussões, sobre temas que interessam aos dois lados desavindos.
Em julho do ano passado, a Coreia do Sul já tinha proposto negociações bilaterais para debater questões militares e possibilitar encontros entre familiares separados pela Guerra da Coreia (1950-1953), mas Kim Jong-un não aceitou.
Donald Trump reagiu com satisfação à possibilidade de negociações, mas apresentou algumas reservas à viabilidade das mesmas. “As sanções e ‘outras’ pressões estão a começar a ter um enorme impacto na Coreia do Norte(…). O Rocket Man quer agora falar com a Coreia do Sul, pela primeira vez. Talvez sejam boas notícias, talvez não – veremos!”, escreveu no Twitter.
A última vez que as duas Coreias se sentaram à mesa para negociar foi em dezembro de 2015. O encontro teve lugar na complexo industrial conjunto de Kaesong, mas não resultou em qualquer acordo.