Santa Casa da Misericórdia e misericórdia para a Santa Casa


A Santa Casa serve para ajudar os cidadãos em dificuldades e não, nunca, os bancos em dificuldades


Nas últimas semanas muito se tem falado e escrito sobre o sério augúrio de tragédia que paira sobre a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa. Porém e igualmente ao melhor estilo nacional, ainda que muito se debata o tema, fala-se de tudo menos do que realmente interessa, abordando-se o assunto enviesadamente procurando alguns assim fugir a hipotéticas responsabilidades passadas, presentes ou futuras.

Perdoará o leitor o notório enfado das questões que agora se colocarão, mas, algum português está interessado em ouvir as explicações de Santana Lopes sobre as indicações que diz ter dado ou não ter dado para a feitura deste negócio? A alguém aproveitará verdadeiramente ouvir José Miguel Júdice em horário nobre explicar ao país o inexplicável? Mas a algum português interessará saber se esta delirante operação financeira teve o seu impulso originário na própria Santa Casa ou no governo? Afinal, qual é a utilidade prática de toda esta discussão pública e mediática que se tem gratuitamente propagado na sociedade portuguesa nas últimas semanas? A resposta, perdoar-me-ão agora a imodéstia da certeza é só uma. Nenhuma.

A Santa Casa talvez seja, pelo menos por enquanto, a única entidade de assistência social em que os portugueses depositam a sua total confiança. Tem sido sempre assim desde a sua criação. E tem sido sempre assim por uma simples, mas muito importante realidade. Porque nunca conseguindo o Estado ser capaz de sozinho responder às carências dos seus cidadãos, foi “ela” quem sempre o fez ou ajudou a fazer. Não será já hora, e sendo já vem tardia, de haver alguém neste país que ponha ordem na casa? Para o efeito, na Santa Casa? Tenham vergonha. Primeiros ministros, ministros, provedores, ex provedores, seja lá quem for que tenha tido a ideia, o que como se disse nem interessa. O que interessa é travar esta desgraça. T

Tenham vergonha e não brinquem com a vida dos cidadãos deste país. A Santa Casa serve para ajudar os cidadãos em dificuldades e não, nunca, os bancos em dificuldades.

 

Escreve à sexta-feira