No Moore Alabama. O sabor amargo da derrota republicana

No Moore Alabama. O sabor amargo da derrota republicana


Pela primeira vez em 25 anos, um candidato democrata venceu uma corrida para o Senado no Alabama. Maioria de Trump presa por um fio


A margem de manobra do presidente Donald Trump no Senado dos Estados Unidos transformou-se de mera cefaleia em enxaqueca. A derrota do republicano Roy Moore na eleição do Alabama (destinada a encontrar o substituto de Jeff Sessions, escolhido para procurador-geral) deixou a maioria do Partido Republicano no Senado reduzida a um 50-49.

Trump, que se apressou a dar os parabéns ao democrata Doug Jones – que é eleito para um cargo político pela primeira vez – através do Twitter, aproveitou para, através do seu meio favorito, deixar um “eu não disse?” face ao resultado, salientando que Luther Strange, o adversário de Moore nas primárias republicanas, era melhor candidato.

“A razão pela qual dei originalmente o meu apoio a Luther Strange (e os seus números subiram vertiginosamente) é porque tinha dito que Roy Moore não poderia ganhar a eleição geral. Estava certo!”, escreveu o presidente dos Estados Unidos.

Este desfecho no Alabama seria uma surpresa e, mesmo depois de todas as acusações contra Moore durante a campanha (de assédio sexual a menores), ainda parecia improvável até ao dia da eleição, na terça-feira. A vitória de Jones, com 49,9%, contra 48,4% de Moore, ficou bem acima da margem de 0,5% que automaticamente levaria a uma recontagem. Mesmo assim, Moore recusou-se a aceitar a derrota, mas a liderança republicana do Alabama já fez ver ao candidato que a “corrida acabou”, como afirmou Terry Lathan, presidente estadual do partido.

A mudança no Senado não vai acontecer para já, devendo o substituto interino de Sessions, Luther Strange – o mesmo que tinha o apoio de Trump -, permanecer até ao final de janeiro no cargo, o que permitirá aos republicanos negociar o seu corte nos impostos com o atual equilíbrio partidário.

Tudo se tornará mais difícil para o próximo ano, com a maioria presa por um senador. E se é certo que, em caso de empate, o vice-presidente Mike Pence pode sempre desempatar a favor dos republicanos, não é menos certo que manter as fileiras cerradas em torno de leis importantes implica muito jogo de cintura política para o qual uma margem de um só senador não deixa muito espaço.

Além disso, “a perda deste assento seguro na magra maioria [republicana] no Senado será extremamente dolorosa e Trump será visto como parte do problema”, escrevia o analista Julian Zelizer no site da CNN.