Num país em que manifestamente parece agudizar-se a falta de verdadeiros líderes políticos, mas também empresariais, que saibam efetivamente conduzir o país a um caminho de sucesso, na passada quarta-feira partiu um dos poucos que legitimamente se colocou num patamar de exceção face ao cenário antes referido.
Belmiro de Azevedo representava de facto, sobretudo ao olhar de um jovem, aquilo que muitos desejam ser ou representar, mas igualmente tudo aquilo que muito poucos conseguem atingir.
Numa só palavra, exemplo. Aluno destacado, empresário multifacetado e de sucesso, mecenas das áreas da educação, da cultura e da solidariedade pela fundação que leva o seu nome, homem agraciado com as mais altas condecorações de vários países, um verdadeiro empreendedor muito antes de sequer se perceber o sentido desta palavra, enfim. Não fosse Portugal um país em que só se dá destaque a quem por vezes pouco parece ter feito para o merecer e personalidades como Belmiro de Azevedo teriam certamente um maior eco na sociedade em geral, mas sobretudo nas gerações mais jovens.
Por outro lado, e não fossem já todas as rubricas anteriores difíceis de reunir numa só personalidade, outra se destacou com propriedade no patrão da Sonae: a capacidade de, com coragem e veemência, não fazer fretes intelectuais aos sucessivos executivos com que conviveu sempre que sentisse que, a bem do país e, naturalmente, das suas empresas, tinha de proferir declarações que manifestamente fossem incómodas aos ouvidos dos demais.
Daqui rapidamente ganhou o rótulo de empresário rebelde ou de mau feitio, mas no estado em que o país se encontra é legítimo lamentar que não haja mais portugueses dotados da mesma rebeldia e mau feitio pois, certamente, seria o país mais rico e dinamizado. Belmiro de Azevedo disse um dia: “Os verdadeiros líderes são-no naturalmente. Não são impostos, são seguidos com facilidade pelos que os rodeiam. Têm um espírito de missão, uma visão.” Mais palavras para quê? É apenas copiar!
Escreve à sexta-feira
