“Salvator Mundi”, de Leonardo da Vinci, um quadro que recebeu a alcunha de ‘Monalisa masculina’, foi ontem comprado ao final da tarde em leilão por 450 milhões de dólares – qualquer coisa como 380 milhões de euros.
Bastaram 19 minutos de licitações na sede da leiloeira Christie's, em Nova Iorque, para se bater o recorde de obra de arte mais cara de sempre. Na sala, apenas um licitador disputou a obra de arte, contra quatro que se fizeram representar por telefone, conta o The Telegraph. A leiloeira não divulga a identidade do comprador, um de quatro licitadores ao telefone.
“Les Femmes d’Alger”, de Pablo Picasso, vendido num leilão em maio de 2015 por 179,4 milhões de dólares (152 milhões de euros) também na Chisties’s, passou assim para o segundo lugar do pódio.
Antes do leilão, a Christie’s levou o quadro por uma digressão mundial – foi visto por cerca de 27 mil pessoas em Londres, Hong Kong e S. Francisco. Uma vez que foi adquirido por um colecionador privado esta terá sido, provavelmente, a única oportunidade de contemplar a obra.
Um quadro especial
O preço astronómico fixado por Salvator Mundi explica-se, contudo, em pontos simples. Primeiro: Da Vinci é um dos mais icónicos pintores do mundo e a sua obra, amplamente conhecida, continua envolta numa aura de misticismo cultivada pelo próprio pintor. Depois, o legado de Da Vinci é curto – há menos de vinte quadros do mestre. Em terceiro, este é o único em que os colecionadores privados conseguiriam pôr as mãos, dado que as restantes obras do pintor renascentista se encontram espalhados em museus e coleções públicas.
O quadro, uma pintura de 66 centímetros, é uma representação de Jesus Cristo, de vestes azuis, que segura um globo de cristal – uma representação do mundo. É difícil traçar a história até ao pincel do mestre italiano.
Sabe-se que, em meados de 1600, estava na posse de Carlos de Inglaterra e que foi leiloado pelo filho do duque de duque de Buckingham em 1763. O rasto é perdido até 1900, data em que é adquirido por um colecionador britânico.
Nessa altura, pensava-se que Salvatore Mundi era criação de um dos muitos discípulos do mestre, e é com esse status que é novamente vendido em 1958.
Em 2005, o quadro, num estado muito danificado, é comprado por menos de dez mil dólares por um consórcio de comerciantes de arte. Durante o processo de restauro, é documentado como uma obra de Leonardo da Vinci. Em 2011, depois de uma investigação de seis anos, chegou a confirmação definitiva de que se tratava de um quadro do mestre – a primeira ‘descoberta’ de uma obra de Da Vinci desde 2009.
Nessa altura, o quadro foi exibido na National Gallery, em Londres, e a descoberta foi descrita por especialistas como uma das mais importantes e fascinantes dos últimos cem anos.