A concelhia problemática – e que continua a dar problemas – segue de destino entrelaçado com o futuro do partido. O PSD/Lisboa irá a eleições internas precisamente no mesmo dia em que o partido decidirá o novo líder: ou Rui Rio ou Santana Lopes. As diretas e a concelhia têm a data reservada na agenda: 13 de janeiro de 2018.
Os sociais-democratas da capital estão sem líder eleito desde abril, quando Mauro Xavier se demitiu do cargo em rutura com Pedro Passos Coelho e Teresa Leal Coelho, sendo Rodrigo Gonçalves, seu antigo vice, o líder interino, mas sem maioria na comissão política. Gonçalves defendeu que a concelhia deveria ir a eleições internas ao mesmo tempo que a distrital, no verão, mas tal não sucedeu e o processo arrastou-se até às autárquicas – em que o PSD teve cabeças-de-lista à câmara municipal (Teresa Leal Coelho) e à assembleia municipal (José Eduardo Martins) autónomos da estrutura que, politicamente, não tem relevância até à legitimação.
“Serão, sobretudo, eleições importantes porque vêm esclarecer – um pouco como as diretas, mas em escalas diferentes. É importante esclarecer como está o PSD/Lisboa depois do pior resultado autárquico de sempre [3.o lugar na câmara e na assembleia] e é importante esclarecer como está a concelhia depois do que aconteceu na assembleia municipal”, diz um “laranja” local, referindo-se à saída de José Eduardo Martins após Luís Newton, presidente da Junta de Freguesia da Estrela, ter apresentado uma lista alternativa para liderar a bancada municipal. Martins suspendeu o mandato de deputado municipal e Newton assumiu a liderança do PSD na assembleia de Lisboa. A presidência da concelhia não é independente desse fenómeno; resta saber para quê, se para um PSD/Lisboa mais próximo dos autarcas em exercício, se para um PSD/Lisboa de manutenção, se para outra coisa.
O facto de as eleições internas coincidirem na data condiciona apoios e movimentos. A ala de Rodrigo Gonçalves, ao lado de Rui Rio, com Alexandra Duarte (mulher de Feliciano Barreiras Duarte), terá sempre um candidato, eventualmente com o líder interino a tentar deixar de o ser. Do outro lado, ponderam-se nomes. Newton foi o presidente de junta do PSD reeleito com mais votos em Lisboa e não esconde ambições; Joana Barata Lopes, deputada e antigo quadro da JSD, anda ultimamente mais discreta, mas também não as esconde. Diogo Agostinho, economista e ex-chefe de gabinete de Santana Lopes na Santa Casa, contribuiu para o programa autárquico da capital este ano.