A Associação Nacional de Surfistas (ANS), entidade que representa os melhores surfistas portugueses, foi constituída em 1997 num movimento orgânico interno perante circunstâncias entendidas, na altura, como longe da realidade pretendida. Nasce assim de uma forma reivindicativa mas acompanhada com a correspondente proactividade. Isto porque, mais do que a conversa dos direitos e do “queremos, podemos mas não mandamos”, os seus responsáveis rapidamente puseram mãos às obra e criaram as suas plataformas de competição. Foi uma fase atribulada não só no que toca à união dos surfistas mas especialmente nas relações com a Federação Portuguesa de Surf (FPS), a entidade máxima que rege o Surf em Portugal. Em 2002, foi assinado o acordo de paz institucional entre a FPS e ANS, o qual viria a ter as devidas revisões, aditamentos e adaptações à legislação e outras importantes circunstâncias desportivas. Uma coisa certa, passados 20 anos de ANS e outros (quase) tantos deste modelo de gestão do surf de competição em Portugal, e até fazendo alusão a conversas particulares com estudiosos da matéria que compararam este caso com o de outras modalidades, pode-se afirmar que o governance aqui disposto é exemplar. De um lado, na FPS, a formação, os escalões juniores e as seleções nacionais, do outro, na ANS, com as devidas relações estruturadas, o segmento de configuração profissional. Acresce que a FPS tem ainda todas as preocupações das demais modalidades que pertencem ao seu universo. A vantagem mais natural deste modelo é a boa e particular atenção que a ANS pode dar à principal competição nacional, o que é determinante na promoção da Liga MEO Surf, aquela que é reconhecidamente uma das melhores plataformas de competição doméstica no mundo. Outra vantagem é o de reproduzir internamente um governance com forte paridade com o plano internacional, ie, em sentido lato, a FPS está para a International Surfing Association como a ANS está para a World Surf League. Reparem, Surfing de um lado (todas as modalidades) e do outro Surf (apenas o Surf em sentido estrito).
Iniciámos esta semana mais um mandato, designadamente para o triénio de 2018 a 2020. Uma renovação formal mas uma plena continuidade de projecto e competências. No entanto, estas alturas são sempre boas para repensar o caminho estratégico a ser seguido. Se é evidente que a Liga manter-se-á no topo das nossas prioridades, é também fundamental compreender se as badaladas alterações ao nível das competições da World Surf League em 2019 nos vão obrigar a fazer ajustamentos. Ao mesmo tempo, para que a aceleração do desenvolvimento de carreiras seja uma realidade para todos, é preciso verter no projecto as possibilidades que podem ser benéficas para cada grupo tipológico de surfistas que ali compete, maximizando a exposição de todos à competitividade e outros adicionais de carreira que dali possam extrair. Mais ainda, o desafio permanente de chegar a mais público (offline e online) e, claro, continuar a entregar o resultado pretendido aos nossos patrocinadores.
Saindo da esfera das nossas competições directas, a ANS tem vindo a posicionar-se num regime de permanente actualidade do que os nossos associados fazem fora de portas. Num plano puro de divulgação da modalidade, se Frederico Morais vence, a ANS imediatamente avisa agências noticiosas. Se Carol Henrique é campeã europeia, rapidamente tratamos de criar notícia. Se Vasco Ribeiro, se Nicolau von Rupp, se Teresa Bonvalot, se outro/a qualquer… enfim, os surfistas portugueses sabem que têm o necessário suporte em casa a acompanhar em directo aquilo que eles atingem com a cores nacionais por esse mundo fora.
Por fim, outro importante objectivo traçado é procurar que a ANS possa aumentar a sua influência junto dos centros de decisão com relevância para o Surf. Pretende-se aqui deixar a entidade disponível para ajudar no que for necessário para o desenvolvimento do Surf em Portugal. Ou, em sentido inverso, ser também uma força de pensamento da participação do Surf no progresso doutros domínios económicos.
Estão assim desenhadas as linhas orientadoras para os próximos anos. À nossa dimensão, procurando aceder às vontades possíveis de todos, vamos dando o nosso contributo para o desenvolvimento do Surf em Portugal. Participem e ajudem-nos. Vamos a isso?