Autarca suspeita que denúncia anónima tem origem partidária

Autarca suspeita que denúncia anónima tem origem partidária


Direita espera até depois das eleições autárquicas, preferindo não dar ao presidente da Câmara de Lisboa “desculpas para uma vitimização” durante a campanha eleitoral.


Uma calúnia. Foi como Fernando Medina, presidente da Câmara de Lisboa, reagiu ontem às notícias que revelaram o facto de ter adquirido um imóvel a uma familiar de uma empresa a que adjudicou diretamente mais de 5 milhões de euros de obras enquanto autarca.

Ontem, num evento de campanha da sua recandidatura pelo Partido Socialista, revelou sentir uma “profunda indignação com o que está a acontecer nesta campanha eleitoral”.

“Soube hoje que houve denúncias anónimas ao Ministério Público, algumas delas feitas chegar por mão de candidaturas adversárias a jornais que fizeram circular factos que são falsos. Essas alegações, que ofendem a minha honra e honorabilidade e pretendem atingir o meu bom nome, são totalmente falsas”, acrescentou o antigo secretário de Estado do governo de José Sócrates.           

“No site medina2017.pt descrevo com todos os passos e comprovo, com todos os documentos associados à compra da casa, que agi como todos os cidadãos de bem. Tive conhecimento de uma casa que estava à venda no mesmo prédio dos meus sogros. Decidimos fazer a compra e toda a negociação foi feita através da agência imobiliária”, clarificou ainda aos jornalistas, concluindo que “é com enorme sentido de repúdio” que vê “o que está a ser feito nesta campanha com base em denúncias anónimas” que, do seu ponto de vista, “alimentam uma falsidade” para o tentar atingir na sua “honra e bom nome”.

Para Medina, o preço que pagou pela casa “é superior à média praticada naquela zona para imóveis equivalentes e totalmente em linha com os imóveis que foram transacionados naquele prédio”.

 

Direita à espera

Quem não tenciona cavalgar a onda de polémica que assolou a candidatura de Fernando Medina são os partidos da direita que o pretendem destronar a 1 de outubro, quando os portugueses forem a votos nas eleições autárquicas. “Depois das eleições será o tempo apropriado. Não podemos dar-lhe desculpas para uma vitimização”, adianta fonte próxima da campanha do CDS ao i.

Teresa Leal Coelho afirmou, já citada pelo i de ontem, acreditar que Medina “tem uma visão da sociedade também na defesa da transparência e do escrutínio”, estando “convencida de que as explicações serão dadas”. Assunção Cristas permanece em silêncio sobre o tema e – caso não haja um agravamento do que já está a ser investigado pelo Ministério Público e pelo DCIAP de Lisboa – assim deve permanecer. “A campanha estava a correr bem ao CDS numa onda de propostas. Duvido que Cristas queira sair desse padrão”, observa a mesma fonte.

Do lado do PSD, o candidato a presidente da Assembleia Municipal, José Eduardo Martins, escreveu nas redes sociais que espera, “a bem de todos, começando pelo próprio [Medina], que isto não fique tudo por esclarecer”.

Ao que o i apurou, o aparelho local socialista suspeita fortemente dos partidos à sua direita – PSD e CDS – no que diz respeito à origem das denúncias feitas anonimamente ao Ministério Público contra Fernando Medina.