Coreia do Norte. Em vez de um míssil, Kim lançou um banquete

Coreia do Norte. Em vez de um míssil, Kim lançou um banquete


António Guterres alerta para uma gerra de “sonâmbulos” e Angela Merkel diz que está disposta a negociações multilaterais. 


Kim Jong-un lançou no fim de semana um banquete em honra dos cientistas nucleares norte-coreanos que produziram a alegada bomba de hidrogénio detonada no passado sábado nos túneis do norte do país. A celebração deu-se no aniversário do regime, também sábado, num dia em que a comunidade internacional aguardava por um novo disparo de míssil ou, pior, mais um teste nuclear.

Contra o esperado, Kim nada disparou ou detonou. Organizou, isso sim, uma enorme fotografia de grupo e um espetáculo sobre o qual nada se sabe ao certo. Acima de tudo, o jovem ditador norte-coreano elogiou dois responsáveis nos grandes programas militares: Ri Hong-sop, o homem à frente do programa nuclear: e Hong Sung-mu, vice-diretor das indústrias de munição.

Os dois – nas palavras da emissora estatal KCNA – “produziram um auspicioso e grande evento na história nacional, um acontecimento extraordinário com o teste perfeito da bomba H”. 

Não houve nova provocação, mas o mundo responde ainda àquela que foi a sexta e maior explosão nuclear na história do regime. Ainda não se sabe ao certo se o explosivo foi realmente uma bomba de hidrogénio, como afirma o regime – algo que representaria um avanço exponencial no poder de destruição. Sabe-se, porém, que o impacto foi superior a 100 quilotoneladas e que teve à volta de oito vezes o poder da bomba largada pelos norte-americanos em Hiroshima, em 1945. 

Alertas e diálogo

Angela Merkel, numa entrevista publicada este domingo, defende a via do diálogo com o regime norte-coreano, um caminho que não é consensual e que o presidente norte-americano, Donald Trump, diz rejeitar – embora alguns dos seus responsáveis o contrariem nesse tema.

“Diria imediatamente que sim se me pedissem para entrar em negociações”, disse a chanceler alemã, a caminho da reeleição nas eleições no final do mês. A líder alemã dá como exemplo as negociações com o Irão, em que participou com os Estados Unidos, Rússia, China, França e União Europeia.

“Imagino um formato desses para sentenciar o conflito da Coreia do Norte”, defendeu ao semanário “Frankfurter Allgemeine Sonntagszeitung”. “A Alemanha deveria estar a postos para fazer uma contribuição muito ativa”, sentenciou. 

António Guterres não aponta a um caminho específico para a resolução norte-coreana, mas, também numa entrevista publicada este domingo, diz que o Conselho de Segurança das Nações Unidas deve estar unido e que há risco de a guerra começar por algum tipo de negligência.

“Até hoje, tivemos guerras que começaram através de uma decisão bem pensada”, afirmou o secretário-geral da ONU ao semanário francês “Journal du Dimanche”. “Mas também sabemos que se iniciaram outros conflitos ao fim de agravamentos causados por sonambulismo”, alertou.

“Temos de esperar que a seriedade desta ameaça nos coloque no caminho da razão antes que seja demasiado tarde.”