Ana Sá Lopes noticiou há dias no i que António Costa gostaria de manter a Geringonça, mesmo que o PS conquiste a maioria absoluta. A informação confunde, os pactos de regime de Costa com o PSD seriam afinal para inglês ver, mas percebe-se: Costa prefere acordos com os deputados do PCP e do BE, com quem se entende, a depender apenas dos do PS, muitos dos quais, devido às devisões internas no partido, não controla.
Mas a ilação mais importante a tirar desta novidade é para a direita. PSD e CDS. Com a Geringonça estes dois partidos apenas regressam ao poder se a dívida pública rebentar com o Estado. E até isso é discutível porque o discurso da vitimização à esquerda pode ser empolado para que, eleitoralmente, 2011 não se repita. Vencer a histeria não será fácil.
E só se repete se PSD e CDS se juntarem. Já desde Outubro de 2015 tenho tido a oportunidade de o defender, primeiro no Diário, depois no Jornal Económico que lhe sucedeu, que estes dois partidos se deveriam juntar num só. A vantagem não seria apenas a mera soma de votos que, como se viu em 2015 pode não chegar para vencer a Geringonça, mas porque a junção dos dois num possibilita a capacidade destes apresentarem um programa verdadeiramente reformador, que apresente soluções para a reforma o Estado, que reduza a dívida pública (e privada) que se tem acumulado, e crie condições para que a economia se desenvolva sem os condicionalismos impostos pelo Estado e a sua dívida. O equilíbrio de forças mudou e é pena que PSD e CDS ainda não tenham agido em conformidade.
Advogado.
Escreve à quinta-feira