Cavaco nunca seria primeiro-ministro hoje


O maior problema dos aparelhos partidários portugueses é estarem envelhecidos. Em corpo, em espírito e principalmente em mentalidade. 


Caro leitor, sugiro-lhe um exercício: um dia que não tenha grande coisa para fazer, experimente entrar na sede de um qualquer partido político. Facilmente, irá perceber que aquilo é velho, pesado, antiquado e pouco tecnológico. É triste dizê-lo, mas em Portugal as sedes dos partidos cheiram a departamentos da Autoridade Tributária.

Se ainda lhe restar algum tempo, faço um novo exercício: procure fotografias das antigas sedes partidárias. De seguida, tente encontrar alguma diferença. É exatamente a mesma organização, o mesmo aspeto e o mesmo ambiente. Com sorte, a maioria das pessoas que verá nessas fotos, ainda serão as mesmas da atualidade.

Os partidos deviam aprender com as empresas. Principalmente com as empresas modernas. Terem sedes coloridas, solarengas, alegres, divertidas e descontraídas. Sítios que respirem tecnologia e informalidade. Locais onde pessoas que desejem ir para a política pelos motivos corretos, se sintam confortáveis em frequentar.

São os partidos que devem estar à frente em relação à sociedade e apresentarem-lhe, sempre que possível, novos caminhos e novas estratégias. Não o contrário.

Chamar novas pessoas para a política é algo que urge ser resolvido. Chamar pessoas para a política que tenham sucesso nas suas vidas profissionais, é algo que se tornará rapidamente obrigatório caso os partidos políticos atuais queiram sobreviver. Todos eles.

Os portugueses mudaram muito em 40 anos, as empresas mudaram imenso e sociedade portuguesa ainda mais. Como podem os partidos e os seus atuais dirigentes, mantendo-se sempre iguais, quererem cativar novos quadros para a política?

Não faz sentido que os políticos vivam umas décadas atrasados em relação à sociedade. Sempre que um deputado de 20 e tais ou 30 e poucos anos, aparece na televisão de fato cinza escuro que claramente não é do tamanho dele e com óculos retangulares de gosto duvidoso, não está certamente a criar empatia com o target para o qual quer comunicar, ou seja, em “politequês”, para com o eleitorado que supostamente o elegeu. Porque o seu eleitorado não se veste e não se comporta assim. É simples, chama-se empatia, ou, neste caso, falta dela.

A imagem do político provinciano, com dicção estranha, imagem cinzenta e cara sisuda já não cola mais. Daí o título desta crónica: Cavaco nunca seria primeiro-Ministro hoje. Não é preciso ser um grande especialista em comunicação, para perceber que entre Macron e Cavaco, Rajoy e Cavaco, e mesmo Theresa May e Cavaco, há uma diferença enorme.

Hoje não basta a um político ter mundo. Tem de mostrar que tem mundo. Precisa de ter boa imagem, ser eloquente, saber trabalhar o espaço televisivo, perceber como e quando deve aparecer nas redes sociais e acima de tudo, provar aos eleitores que não precisa da política para viver ou para ascender socialmente.

O futuro parece-nos sempre longe, mas está cada vez mais perto.

 

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Cavaco nunca seria primeiro-ministro hoje


O maior problema dos aparelhos partidários portugueses é estarem envelhecidos. Em corpo, em espírito e principalmente em mentalidade. 


Caro leitor, sugiro-lhe um exercício: um dia que não tenha grande coisa para fazer, experimente entrar na sede de um qualquer partido político. Facilmente, irá perceber que aquilo é velho, pesado, antiquado e pouco tecnológico. É triste dizê-lo, mas em Portugal as sedes dos partidos cheiram a departamentos da Autoridade Tributária.

Se ainda lhe restar algum tempo, faço um novo exercício: procure fotografias das antigas sedes partidárias. De seguida, tente encontrar alguma diferença. É exatamente a mesma organização, o mesmo aspeto e o mesmo ambiente. Com sorte, a maioria das pessoas que verá nessas fotos, ainda serão as mesmas da atualidade.

Os partidos deviam aprender com as empresas. Principalmente com as empresas modernas. Terem sedes coloridas, solarengas, alegres, divertidas e descontraídas. Sítios que respirem tecnologia e informalidade. Locais onde pessoas que desejem ir para a política pelos motivos corretos, se sintam confortáveis em frequentar.

São os partidos que devem estar à frente em relação à sociedade e apresentarem-lhe, sempre que possível, novos caminhos e novas estratégias. Não o contrário.

Chamar novas pessoas para a política é algo que urge ser resolvido. Chamar pessoas para a política que tenham sucesso nas suas vidas profissionais, é algo que se tornará rapidamente obrigatório caso os partidos políticos atuais queiram sobreviver. Todos eles.

Os portugueses mudaram muito em 40 anos, as empresas mudaram imenso e sociedade portuguesa ainda mais. Como podem os partidos e os seus atuais dirigentes, mantendo-se sempre iguais, quererem cativar novos quadros para a política?

Não faz sentido que os políticos vivam umas décadas atrasados em relação à sociedade. Sempre que um deputado de 20 e tais ou 30 e poucos anos, aparece na televisão de fato cinza escuro que claramente não é do tamanho dele e com óculos retangulares de gosto duvidoso, não está certamente a criar empatia com o target para o qual quer comunicar, ou seja, em “politequês”, para com o eleitorado que supostamente o elegeu. Porque o seu eleitorado não se veste e não se comporta assim. É simples, chama-se empatia, ou, neste caso, falta dela.

A imagem do político provinciano, com dicção estranha, imagem cinzenta e cara sisuda já não cola mais. Daí o título desta crónica: Cavaco nunca seria primeiro-Ministro hoje. Não é preciso ser um grande especialista em comunicação, para perceber que entre Macron e Cavaco, Rajoy e Cavaco, e mesmo Theresa May e Cavaco, há uma diferença enorme.

Hoje não basta a um político ter mundo. Tem de mostrar que tem mundo. Precisa de ter boa imagem, ser eloquente, saber trabalhar o espaço televisivo, perceber como e quando deve aparecer nas redes sociais e acima de tudo, provar aos eleitores que não precisa da política para viver ou para ascender socialmente.

O futuro parece-nos sempre longe, mas está cada vez mais perto.

 

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