Episódios da história de Portugal contados de uma forma estúpida e sem um pingo de objectividade


Sinopse: Dois produtores procuram uma nova estrela para o rebentar no mundo do “show business”. Numa estúdio/sala de ensaios os dois produtores fazem um teste a um novo artista desconhecido com potencial para vir a ser uma estrela internacional.


Camões

Sinopse

Dois produtores procuram uma nova estrela para o rebentar no mundo do “show business”.

Numa estúdio/sala de ensaios os dois produtores fazem um teste a um novo artista desconhecido com potencial para vir a ser uma estrela internacional.

Estúdio

Os produtores estão sentados atrás de uma mesa, num ambiente de casting. Em frente, de pé, está Camões, nervoso e a sentir-se fora do seu ambiente.

Produtor 1 (para Camões) – Eh pá você tem tudo para singrar! O porte, o nariz…dê uma volta…isso…mostre as mãos…maravilhoso. (para o produtor 2) É disto que a gente precisa… um figurão destes para poder exportar, fazer tornées pelo mundo, Londres, Paris, Nova Iorque…

Produtor 2(interrompendo) – Aaah.. Nova Iorque ainda não foi inventada…

Produtor 1 –  Não interessa, vai lá na mesma, fazemos shows beneficentes para os índios. A imprensa adora… Por falar em índios (para o Camões) com essa penca vais ser um sucesso em Bollywood (para o produtor 2) anota aí, potencial como actor naqueles filmes indianos onde acaba tudo a dançar e a comer chamuças.

Produtor 2 (Para Camões)– então e diga-me lá qual é o talento do meu amigo?

Camões (tímido) – então… eu a modos que sou escritor.

Produtor 1 – Escritor?? Eh pá isso não vende… tu tens é de saber cantar, jogar à bola, rebentar com muçulmanos! É aí é que está o futuro pá!

Camões – Bom… eu já chacinei um ou dois muçulmanos quando era mais novo…

Produtor 1 – Ora bem! Já é um começo… Canta-me qualquer coisa para eu ver o que a casa gasta.

Camões – Eu só sei umas cantigas de escárnio e maldizer mas posso tentar…

Produtor 1 (interrompendo) – Não pá! Tem de ser uma coisa pop com batida, tipo Beyonce, Lady Gaga, Luis Fonsi… queremos cor, óculos de sol, purpurinas e barbas estilizadas topas?

Camões – Pois isso já não sei, estou um pouco desligado dos ícones gay sabe… quando era mais novo ainda cheguei a ir a uma ou duas festas da Corte, no Trumps, onde a modos que valia tudo, tá a ver? Mas desde que fiquei com o olho neste estado não tenho brincado muito ao quarto escuro, ainda me magoava à séria e depois era uma chatice para escrever.

Produtor 2 – Assim não vamos lá (pensativo)…e isso da escrita é o quê? É que há escritas que vendem. Tipo aqueles livros da virgem tarada que leva porrada do gajo milionário. Pornografia para donas de casa. Isso é bom! É esse o teu estilo?

Camões – Nem por isso…a minha cena é mais epopeias e assim.

Produtor 1(já impaciente) – Epo quê?

Camões – Epopeias. Epopeia é um gênero épico que conta a história de um povo e…

Produtor 2 (interrompe) – Tipo Guerra dos Tronos! Bom!! Bom!! Sangue, tripas de fora, dragões, vaginas e mamas, isso vende que é uma maravilha! Negociamos os direitos de autor para televisão e fazemos uma pipa de massa! Já estou a ver tudo! (Para Camões) E que tipo de história é? Mete zombies e muita punhada ao barulho?

Camões – Bom… nem por isso… é sobre a História de Portugal, os Descobrimentos, as viagens, as aventuras em África, a Ilha dos Amores… Tudo escrito em verso decassílabo. Uma obra muito bonita ordenada em Dez Cantos…

Produtor 1 – (interrompendo) Eh pá isso não tem interesse nenhum! Ninguém tem paciência para ler poemas! E a história de Portugal não é novidade… já foi escrita pelo José Hermano Saraiva. (Desalentado) É pena, tu tinhas tudo para ser um ícone pop! A barba à Variações, o brinco, a pala de pirata no olho…mas assim…sem sumo de artista… não vai dar…

Camões – Também tenho umas peças de teatro, se quiserem dar uma vista de olhos? Não sei…

Produtor 2 (pensativo) – Teatro…deixa-me ver… As personagens fazem xixi em palco e andam para lá todos nus ao pulos, a grunhir e aos apalpões?

Camões – Bom…na verdade não… é mais uma coisa clássica, em cinco actos inspirado na estética de Séneca, por exemplo, no Auto do Filodemo, um criado apaixona-se pela filha do Fidalgo e vai daí…

Produtor 2 – Eh pá esquece…isso é um secador dos antigos, novelas é com a TVI e mesmo isso já foi chão que deu uvas. Pois assim não vamos lá…

Epílogo

Produtor 1 (apontando para a pala no olho) – E isso do olho foi a brincar ao quarto escuro nas tais festas do Trumps?

Camões – Não foi este… este foi-se enquanto andava à bulha com muçulmanos quando era mais novo.

Produtor 2 – Ahh… olha se souberes cozinhar ou escrever livros de auto-ajuda talvez ainda se arranje qualquer coisa, porque tirando isso não te estou a ver grande serventia…


Episódios da história de Portugal contados de uma forma estúpida e sem um pingo de objectividade


Sinopse: Dois produtores procuram uma nova estrela para o rebentar no mundo do “show business”. Numa estúdio/sala de ensaios os dois produtores fazem um teste a um novo artista desconhecido com potencial para vir a ser uma estrela internacional.


Camões

Sinopse

Dois produtores procuram uma nova estrela para o rebentar no mundo do “show business”.

Numa estúdio/sala de ensaios os dois produtores fazem um teste a um novo artista desconhecido com potencial para vir a ser uma estrela internacional.

Estúdio

Os produtores estão sentados atrás de uma mesa, num ambiente de casting. Em frente, de pé, está Camões, nervoso e a sentir-se fora do seu ambiente.

Produtor 1 (para Camões) – Eh pá você tem tudo para singrar! O porte, o nariz…dê uma volta…isso…mostre as mãos…maravilhoso. (para o produtor 2) É disto que a gente precisa… um figurão destes para poder exportar, fazer tornées pelo mundo, Londres, Paris, Nova Iorque…

Produtor 2(interrompendo) – Aaah.. Nova Iorque ainda não foi inventada…

Produtor 1 –  Não interessa, vai lá na mesma, fazemos shows beneficentes para os índios. A imprensa adora… Por falar em índios (para o Camões) com essa penca vais ser um sucesso em Bollywood (para o produtor 2) anota aí, potencial como actor naqueles filmes indianos onde acaba tudo a dançar e a comer chamuças.

Produtor 2 (Para Camões)– então e diga-me lá qual é o talento do meu amigo?

Camões (tímido) – então… eu a modos que sou escritor.

Produtor 1 – Escritor?? Eh pá isso não vende… tu tens é de saber cantar, jogar à bola, rebentar com muçulmanos! É aí é que está o futuro pá!

Camões – Bom… eu já chacinei um ou dois muçulmanos quando era mais novo…

Produtor 1 – Ora bem! Já é um começo… Canta-me qualquer coisa para eu ver o que a casa gasta.

Camões – Eu só sei umas cantigas de escárnio e maldizer mas posso tentar…

Produtor 1 (interrompendo) – Não pá! Tem de ser uma coisa pop com batida, tipo Beyonce, Lady Gaga, Luis Fonsi… queremos cor, óculos de sol, purpurinas e barbas estilizadas topas?

Camões – Pois isso já não sei, estou um pouco desligado dos ícones gay sabe… quando era mais novo ainda cheguei a ir a uma ou duas festas da Corte, no Trumps, onde a modos que valia tudo, tá a ver? Mas desde que fiquei com o olho neste estado não tenho brincado muito ao quarto escuro, ainda me magoava à séria e depois era uma chatice para escrever.

Produtor 2 – Assim não vamos lá (pensativo)…e isso da escrita é o quê? É que há escritas que vendem. Tipo aqueles livros da virgem tarada que leva porrada do gajo milionário. Pornografia para donas de casa. Isso é bom! É esse o teu estilo?

Camões – Nem por isso…a minha cena é mais epopeias e assim.

Produtor 1(já impaciente) – Epo quê?

Camões – Epopeias. Epopeia é um gênero épico que conta a história de um povo e…

Produtor 2 (interrompe) – Tipo Guerra dos Tronos! Bom!! Bom!! Sangue, tripas de fora, dragões, vaginas e mamas, isso vende que é uma maravilha! Negociamos os direitos de autor para televisão e fazemos uma pipa de massa! Já estou a ver tudo! (Para Camões) E que tipo de história é? Mete zombies e muita punhada ao barulho?

Camões – Bom… nem por isso… é sobre a História de Portugal, os Descobrimentos, as viagens, as aventuras em África, a Ilha dos Amores… Tudo escrito em verso decassílabo. Uma obra muito bonita ordenada em Dez Cantos…

Produtor 1 – (interrompendo) Eh pá isso não tem interesse nenhum! Ninguém tem paciência para ler poemas! E a história de Portugal não é novidade… já foi escrita pelo José Hermano Saraiva. (Desalentado) É pena, tu tinhas tudo para ser um ícone pop! A barba à Variações, o brinco, a pala de pirata no olho…mas assim…sem sumo de artista… não vai dar…

Camões – Também tenho umas peças de teatro, se quiserem dar uma vista de olhos? Não sei…

Produtor 2 (pensativo) – Teatro…deixa-me ver… As personagens fazem xixi em palco e andam para lá todos nus ao pulos, a grunhir e aos apalpões?

Camões – Bom…na verdade não… é mais uma coisa clássica, em cinco actos inspirado na estética de Séneca, por exemplo, no Auto do Filodemo, um criado apaixona-se pela filha do Fidalgo e vai daí…

Produtor 2 – Eh pá esquece…isso é um secador dos antigos, novelas é com a TVI e mesmo isso já foi chão que deu uvas. Pois assim não vamos lá…

Epílogo

Produtor 1 (apontando para a pala no olho) – E isso do olho foi a brincar ao quarto escuro nas tais festas do Trumps?

Camões – Não foi este… este foi-se enquanto andava à bulha com muçulmanos quando era mais novo.

Produtor 2 – Ahh… olha se souberes cozinhar ou escrever livros de auto-ajuda talvez ainda se arranje qualquer coisa, porque tirando isso não te estou a ver grande serventia…