Um grupo de organizações não governamentais e de ativistas políticos, entre eles alguns dos envolvidos no processo dos 15+2, convocaram uma conferência de imprensa para amanhã, quarta-feira, às 9h00, no Hotel Fórum, em Luanda, para "tomar posição sobre as eleições" em Angola.
Liderados pelo padre Jacinto "Pio" Wacussanga, da Associação Construindo Comunidades e da Ame Naame Omunu, do Lubango, entre os subscritores da convocatória estão Domingos da Cruz (autor do livro que levou à detenção do grupo dos 15+2), Sedrick de Carvalho, outro dos envolvidos nesse processo, além do advogado Arão Bula Tempo, que esteve detido em Cabinda por tentar organizar uma manifestação.
"É para nos posicionarmos sobre toda esta confusão que se criou logo a seguir às eleições", explicou ao SOL o padre Wacussanga. "O facto de sete comissários de vários partidos políticos, membros do plenário da Comissão Nacional Eleitoral" terem confirmado "que não houve cumprimento da lei no que à contagem, escrutínio, apuramento e divulgação de resultados diz respeito" justifica esta tomada de posição, acrescentou.
Perguntado se pretendem convocar algum protesto, alguma manifestação, o sacerdote católico que desenvolve a sua atividade na província da Huíla, no centro sul de Angola, diz que por agora "é só uma declaração, um apelo à consciência dos angolanos", para que estes "possam usar a própria lei" para exigir justiça, no caso de "sentirem defraudados".
Pedindo aos partidos da oposição que se unam para que "a verdade seja reposta" e aos angolanos em geral "que não fiquem no muro a ver o que passa, indiferentes", Pio Wacussanga diz que apesar "de ser muito difícil viver a democracia em Angola", é preciso "pressionar, uma, duas, três, quatro vezes, com os meios que a legislação nacional e internacional põem ao nosso dispor" para que Angola entre "para o contexto dos países democráticos".