Sérgio Conceição tem bem presentes os objetivos para a temporada que se avizinha no FC Porto. O novo técnico dos dragões pensa em termos desportivos, mas também financeiros. "O nosso principal objetivo é sermos campeões nacionais, mas também proporcionar vendas fantásticas para o clube. Esse é o trabalho do treinador também", assumiu Conceição em entrevista à revista "Dragões".
Nesta intervenção, Sérgio Conceição deixou também um alerta aos adeptos: não esperem muitas contratações. "É conhecido o momento difícil em termos financeiros e todas as restrições que temos a esse nível, mas não quer dizer que eu e o presidente não estejamos a preparar a entrada de um ou outro jogador que consideramos importante. O FC Porto também tem jogadores que estavam emprestados e que têm valor para fazer parte deste grupo. Na época passada tínhamos um grupo com qualidade e é dentro desse caminho que queremos continuar", salientou o novo treinador portista, assumindo pretender formar uma equipa à sua imagem: "Sou exigente, rigoroso e gosto de disciplina. Gosto de jogadores ambiciosos, pois eu próprio sou ambicioso. Sou um treinador que trabalha muito aquilo que é a intensidade. É importante haver essa intensidade e essa procura da baliza contrária."
Atualmente com 42 anos, Sérgio Conceição confessa que esperava ter chegado mais cedo ao comando do FC Porto, considerando ainda que a competência é mais importante do que ter um palmarés significativo. "É como um jogador de 19 anos que as pessoas podem considerar imaturo. Há jogadores de 19 anos que são fantásticos e mais maduros do que alguns de 35. É certo que as pessoas podem pensar que cheguei ao FC Porto sem ganhar nada, mas ganhei muita coisa ao nível a que treinei. Para se ganhar, é preciso um projeto como este, por exemplo. Se o FC Porto não conquistar títulos, aí sim, será uma desilusão e uma frustração para mim", assumiu.
A conturbada saída do Nantes também voltou a ser abordada. Waldemar Kita, presidente do clube francês, chegou a dizer que o técnico português havia faltado à sua palavra, mas Sérgio Conceição garante que foi ao contrário. "Antes de renovar com o Nantes, o presidente apertou-me a mão e disse-me que, se aparecesse um clube de maior dimensão, não me cortaria as pernas. E não foi assim, não foi nada assim. A maior parte das pessoas não sabia que existia aquele compromisso verbal que, para mim, como eu sou, vale tanto ou mais do que uma cláusula ou folha assinada. Isso não foi respeitado e tentou-se ao máximo complicar a minha saída. Eu compreendi que as pessoas tenham ficado desiludidas e tristes com a minha saída, mas isto é futebol", realçou o antigo internacional português, detalhando as condições em que tomou a decisão: "Uma das reuniões que deveríamos ter após o final da época foi cancelada pois a minha mulher teve de vir de urgência para o Porto para ser operada. Este divórcio foi difícil para todos. Para o clube, para os adeptos e para mim também, mas a vida é isto. Porque é que não se vê as coisas de outra forma? Renovo o contrato e um mês depois aparece um clube como o FC Porto. Não posso sair porquê? Não fiz nada de grave, não enganei ninguém e fui direto e correto com as pessoas. Depois de saber do interesse do FC Porto, no dia seguinte de manhã estava em Nantes a dizer isso cara a cara ao presidente."