Marcelo pede união aos partidos para vencer eleição na Agência Europeia do Medicamento

Marcelo pede união aos partidos para vencer eleição na Agência Europeia do Medicamento


Presidente da República quer que todos “remem na mesma direção” e escolham a localidade portuguesa que “tem melhores hipóteses de ganhar”


Marcelo Rebelo de Sousa frisou esta quinta-feira, na Póvoa de Varzim, que os principais partidos portugueses se devem unir na escolha da localidade portuguesa a candidatar à sede da Agência Europeia do Medicamento (EMA), que deve abandonar Londres com a saída do Reino Unido da União Europeia, de modo a aumentar as hipóteses nacionais de vencer a eleição.

"É preciso todos juntarem-se para que Portugal ganhe. Os partidos devem estabilizar a opinião e escolher a localidade portuguesa que tem melhores hipóteses de ganhar. O que o PR pode desejar, em primeiro lugar, é que rapidamente os partidos definam uma posição. Depois, que definam por consenso, para um não defender uma coisa e outro defender outra. É uma luta muito difícil, com hipóteses limitadas, por isso têm de remar todos na mesma direção, senão o que já é difícil torna-se impossível", pediu o Presidente da República, à margem de cerimónia de homenagem à Associação Pró-Maior Segurança dos Homens do Mar com o título de membro honorário da Ordem de Mérito.

No entender do chefe de Estado, é "prejudicial" a polémica que se tem gerado em torno da candidatura de Portugal à EMA, com vários políticos e localidades a reivindicar a sede da agência europeia, depois de o Governo ter escolhido Lisboa. "À partida todos tinham a mesma opinião. É preciso ficar claro quem tem agora uma opinião e quem tem outra. Ficar claro a que tem melhores hipóteses para ganhar e, depois, todos juntarem-se para que Portugal ganhe, porque isso é que é importante. Há um mês, a Assembleia da República aprovou, por unanimidade, um voto de saudação e apoio a Lisboa como local escolhido na candidatura portuguesa. É natural que os partidos mudem de opinião e tenham entretanto aparecido outras hipóteses no quadro da descentralização. Fala-se do Porto e de Braga. Mas é preciso que, rapidamente, os partidos definam uma posição", avisou Marcelo.

A Câmara do Porto, refira-se, aprovou na terça-feira, por unanimidade, criar um grupo de trabalho para candidatar a cidade a acolher a EMA, mas apenas se o Governo garantir "rever" a decisão de candidatar Lisboa. Esta deliberação foi tomada com base numa proposta do PS, à qual o presidente da Câmara, o independente Rui Moreira, sugeriu acrescentar a ressalva de que o Porto preparará candidatar-se "no prazo máximo de 30 dias", apenas se for garantido que o Governo pode ainda rever a decisão tomada". De acordo com a Agência Lusa, António Costa, numa carta dirigida a Rui Moreira, explicou ter decidido candidatar Lisboa devido à "conveniência da proximidade do Infarmed" e por "ser fator de preferência a existência de Escola Europeia, que só Lisboa poderá vir a ter". Isto, depois de um grupo de deputados do PS eleitos pelo Porto terem questionado o Governo sobre os "estudos que sustentam a decisão de localização" da EMA.

Daí para cá, um grupo de deputados do PSD defendeu a instalação da EMA em Coimbra, tendo questionado o Governo sobre se a cidade foi estudada como alternativa a Lisboa para receber aquele organismo. Já nesta quarta-feira, o PSD questionou o Governo sobre as razões para candidatar Lisboa e "preterir outras cidades portuguesas", inquirindo se "alguma outra opção foi sequer considerada". No mesmo dia, o presidente da Câmara de Braga criticou o Governo e a União Europeia por não ter recebido "até à data" nenhuma informação "concreta" e "rigorosa" sobre os requisitos para acolher a EMA.