Em 1971, o rock era fonte de juventude e belzebu para as autoridades. Ainda assim, Vilar de Mouros foi possível. Viviam-se os resquícios do Maio de 68, do fim da guerra do Vietname e de manifestações emancipadoras como oFestival da Ilha de Wight. O cognome de Woodstock português foi merecido e o cartaz não fez por menos.
30 mil pessoas e não muito menos hippies viram em paz, amor e liberdade um petiz Elton John, a banda de Manfred Mann e o que de melhor se podia fazer em Portugal: o Quarteto 1111, Psico, Mini Pop, o Pop Five Music Incorporated e o Sindicato onde militava um tal de Jorge Palma.
O país libertou-se e quando Vilar de Mouros reabriu os olhos, perguntou: quem és tu de novo? Em 1982, pisaram os verdes campos a fina flor do pós-punk (Echo & The Bunnymen, Stranglers, Durutti Column, A Certain Ratio, os Rip Rig + Panic de Neneh Cherry e uns U2, ainda longe de se adivinhar que um dia seriam banda de estádio), o punk gay de Tom Robinson Band, o jazz!! da Sun Ra Arkestra e do supergrupo Old & New Dreams com Don Cherry, Charlie Haden, Dewie Redman e Ed Blackwell, e o rock português de GNR, Heróis do Mar e Jafumega. Foi uma festa da diversidade com lugar para Carlos Paredes e o maestro AntónioVitorino de Almeida.
E foi preciso esperar uma adolescência de 14 anos para Vilar de Mouros entrar na vida adulta dos festivais portugueses, quando a indústria construía alicerces para ser o que hoje é. Os promotores Luís Montez e Álvaro Covões juntaram forças e lançaram a primeira pedra de um Vilar de Mouros que entre pausas, só foi estável entre 1999 e 2006.
Em 2016, o regresso deu largas à memória e este ano volta com uma aposta reforçada na história de alguns que por ali passaram, como os Young Gods, e de outros, como os The Jesus & Mary Chain, Primal Scream, Psychedelic Furs, The Mission, Morcheeba, The Boomtown Rats (de Bob Geldof) e ainda um lugar para o sangue novo de Salvador Sobral e Capitão Fausto.