Não é de agora que as sondagens no Reino Unido são altamente voláteis e de pouco fiar. Em média, segundo o analista norte-americano Nate Silver, as consultas britânicas erram cerca de quatro pontos percentuais em cada eleição. O desvio foi pior do que o esperado em 2015, ano em que as sondagens antecipavam essencialmente um empate entre conservadores e trabalhistas e os resultados finais acabaram por dar a vitória a David Cameron com uma margem folgada de 6,5 pontos. Um novo erro nas sondagens é praticamente antecipado nas eleições de hoje, até porque é difícil achar um consenso nas consultas que já foram publicadas.
Nos últimos sete dias, por exemplo, a vantagem dos conservadores oscilou entre os 12 pontos e um ponto apenas. Acontece mais ou menos o mesmo com o número de deputados – que são eleitos por círculos e através de um modelo díficil de calcular e prever. O portal de sondagens YouGov prevê que os conservadores de Theresa May perderão a sua maioria de 330 deputados e cairão para os 302 assentos – a maioria começa no 326º deputado. Ou, julgando pelos números publicados ontem no “Telegraph”, o Partido Conservador vai engordar 45 novos deputados e conseguir a tão desejada maioria de três digítos.
Recuemos um passo da selva de números. Nada é certo, mas também nada é igualmente provável. O Partido Trabalhista tem galgado nas sondagens e encurtado com rapidez a desvantagem para Theresa May, mas a maior parte dos modelos sugere que as maiores vitórias estão a acontecer em círculos eleitorais que já controlam e em que não conseguem vencer mais deputados. As previsões políticas concordam. A revista “The Spectator” avançava ontem que os analistas da campanha de May prevêem uma maioria de três digítos e que mesmo os responsáveis trabalhistas se preparam para perder deputados, por muito que melhorem em relação aos resultados de 2015. “Londres não será bondoso para os conservadores”, argumenta a publicação. “Mas a maioria do país será”.
Os sinais parecem positivos para May, que também pode contar com o voto do “conservador tímido”, o nome dado aos erros de sondagens que subestimam os resultados dos Tories – algo que acontece com mais frequência do que o contrário. No entanto, não é de excluir um erro nas sondagens a favor dos trabalhistas, que, combinado com os fatores certos, podiam até dar ao partido de centro-esquerda deputados suficientes para governarem em coligação – ou obrigarem May a fazer o mesmo. Silver, bebendo do exemplo que foi a vitória de Donald Trump nos EUA – o seu órgão era o que lhe dava melhores chances no país – avisa que os erros nas sondagens costumam ir contra a “sabedoria convencional”. E essa sabedoria favorece May.