Emmanuel Macron estará a ser fortemente pressionado a deixar cair Richard Ferrand, desde que “Le Canard Enchainé” noticiou, na semana passada, que o secretário-geral do La République en Marche! (LREM) e escolhido pelo novo presidente francês para a liderança do ministério da Coesão Territorial, terá favorecido a companheira num negócio imobiliário, em 2011, altura em que dirigia um fundo de seguros de saúde.
Se num primeiro momento o Ministério Público rejeitou investigar as acusações do mesmo jornal satírico que tornou público o “Penelopegate” – o escândalo que acabou com as esperanças de François Fillon poder ser eleito presidente, durante a campanha eleitoral, e que envolveu o alegado emprego fictício da mulher e dos filhos, remunerado com fundos públicos –, hoje o procurador Eric Mathais, da cidade francesa de Brest, oficializou uma verdadeira mudança de ideias, ao anunciar a abertura de uma investigação preliminar a Ferrand, que, de acordo com o comunicado do próprio, tem o objetivo de “reunir todo o material possível”, para “uma análise completa dos factos”, de modo a se perceber se o negócio que envolve o dirigente político “constitui uma ofensa criminal ou não”.
Ferrand já catalogou a acusação como um “pseudo-escândalo” e garante que o negócio em questão não envolveu qualquer prática ilegal ou imoral.
Macron foi um dos principais beneficiários do escândalo que se abateu sobre Fillon e também do que envolveu Marine Le Pen – a líder da Frente Nacional foi acusada pelo Parlamento Europeu de ter utilizado fundos comunitários de forma indevida – e fez da moralidade e do exercício honesto dos cargos públicos uma das suas bandeiras de campanha, pelo que a abertura do inquérito a um dos seus principais aliados dentro da LREM, coloca-o numa posição embaraçosa.
De acordo com uma sondagem realizada pelo Harris Interactive, na quarta-feira – antes da decisão da procuradoria de Brest –, 70% dos participantes defendem que Ferrand deve demitir-se.
Recorde-se que a Macron e a LREM ainda têm pela frente um dos seus maiores desafios políticos. O recém-formado partido vai a votos nos dias 11 e 18 deste mês, por ocasião das eleições legislativas, e terá de lograr uma maioria, para garantir a aprovação do governo e legitimar o programa político do novo presidente.