“Se o PSOE apresenta uma moção [de censura], estaríamos dispostos a retirar a nossa moção para deixar que avance o partido socialista, tornando-a viável”, afirmou ao jornal espanhol “Público” o secretário da organização do Podemos, Pablo Echenique.
Com esta manobra, o Podemos quer dar força à nova liderança socialista para derrubar o governo de Mariano Rajoy e abrir caminho para uma alternativa que possa contar com os votos e participação do Podemos.
Recorde-se que a principal bandeira de campanha que levou Pedro Sánchez a derrotar a candidata do aparelho, por cerca de dez pontos percentuais, foi que o PSOE nunca deveria ter faltado às suas promessas eleitorais viabilizando, com a abstenção, um governo de Mariano Rajoy. Na altura do processo de indigitação de Rajoy, os partidários de Susana Díaz derrubaram o secretário-geral do PSOE, Pedro Sánchez, para o impedir de negociar um acordo de governação entre socialistas, Podemos e partidos nacionalistas.
O secretário da organização do Podemos confirmou que o seu partido estava disponível para contribuir para expulsar o PP do governo e que há uma porta aberta para discutir, com o novo secretário-geral socialista, a construção de uma alternativa de poder. “Se quiserem, falaremos do programa e do candidato a suceder a Rajoy”, abrindo a porta para que o Podemos possa apoiar Pedro Sánchez para eventualmente suceder a Mariano Rajoy.
A tentativa do Podemos de pressionar Pedro Sánchez a derrubar o governo do PP e de sair daquilo que Echenique definiu como “política de ficção” e de boas intenções esbarra com o facto de, apesar da vitória nas eleições para secretário-geral, Pedro Sánchez só ter poderes executivos depois de ser ratificado no 39.o Congresso Federal do PSOE, que se realizará entre 16 e 18 de junho.
Nestas declarações para a comunicação social, Pablo Echenique confirmou que a porta-voz do Podemos, Irene Montero, conversou por telefone com o chefe de gabinete do novo líder do PSOE, Juan Manuel Serrano, e que está previsto que os líderes do Podemos e do PSOE, Pablo Iglesias e Pedro Sánchez, falem em breve sobre a possibilidade de ser derrubado o governo de Mariano Rajoy.
Recorde-se que Sánchez, que defende uma articulação das esquerdas, teve 50, 2% dos votos dos militantes nas eleições diretas para secretário geral, contra 39,9% de Susana Díaz, que defendeu a viabilização do governo do PP.