A Missão Integrada Multinacional de Estabilização das Nações Unidas na República Centro-Africana (MINUSCA) está mandatada para proteger os civis e apoiar os processos de transição na República Centro-Africana (RCA) até 31 de julho de 2017, destacando, até ao momento, 12 870 elementos de pessoal uniformizado, o que inclui 10 750 militares e 2120 polícias.
Esta operação surgiu devido à preocupação que a comunidade internacional teve com a grave crise política e humanitária que surgiu na RCA, que punha em causa a segurança e os direitos humanos das populações e colocava sérias implicações regionais. É uma operação de manutenção da paz multidimensional das Nações Unidas que tem como prioridade máxima a proteção da população civil, mas que também providencia apoio ao processo de transição, facilita o acesso à assistência humanitária, promove os direitos humanos, apoia a justiça e o Estado de direito e intervém nos processos de desarmamento, desmobilização, reintegração e repatriamento.
A participação de Portugal nesta missão, como de resto em qualquer outra, constitui um momento de afirmação do nosso lugar no mundo, na dianteira da defesa dos valores que harmonizam a nossa vivência coletiva, na defesa das mais diversas liberdades que nos constituem enquanto sociedade, na preservação dos direitos humanos e na manutenção da paz no mundo. O contingente de 160 militares portugueses, 90 deles desta força especial, tem levado por diante uma dificílima missão, num trabalho de alcance inexcedível que nos deve orgulhar a todos e que muito tem contribuído para o combate ao terrorismo e à criminalidade organizada, numa inequívoca afirmação da paz e tranquilidade local e internacional.
A mais recente operação, conhecida do público, das nossas forças militares destacadas na MINUSCA, que culminou no salvamento do bispo colombiano Juan José Aguirre e de centenas de civis em Bangassou, sob feroz ataque dos rebeldes terroristas, é a melhor resposta a todos aqueles que contestam a necessidade e, no limite, a existência desta importante força especial militarizada.
Esta não foi a primeira vez que os nossos militares atuaram debaixo de grande intensidade. Já em março deste ano, em Bambari, eles protagonizaram uma importante missão que repeliu uma força rebelde associada à Frente Popular para o Renascimento da República Centro-Africana (FPRC) e que resultou na captura de alguns dos seus líderes – uma missão que, de resto, mereceu rasgados elogios do comando da MINUSCA, em que se destacou o “elevado profissionalismo e empenhamento” e a “prontidão operacional e excelente performance” do destacamento português.
Os militares portugueses, sobretudo aqueles que nos representam nos teatros de operações de manutenção da paz e de defesa dos direitos humanos, são um motivo de orgulho nacional. São homens simples, capazes de feitos extraordinários, que merecem o nosso reconhecimento e a nossa gratidão. Não perceber a importância destes homens é não perceber a perigosidade do mundo. É não perceber que a cada missão, a cada intervenção contra rebeldes terroristas, é mais um dia de paz, de tranquilidade internacional e de vidas que se salvam da tortura, da indignidade, da morte.
Contestar a existência de forças militarizadas, destas forças militarizadas, é alinhar no jogo do terrorismo. Aqui não há espaço para meias- -palavras. Contestar estes homens, a exigência do seu treino, a dureza da sua preparação física e psicológica é alinhar no jogo da morte e do desrespeito pelos direitos humanos. Os mesmos direitos que permitem que exista gente que os queira ver extintos, cuja primeira linha de defesa cabe aos militares. A próxima vez que o sensacionalismo televisivo e politico abordar os métodos destas forças militares, é bom que não se esqueçam disto.
Vice-presidente do grupo parlamentar do PSD. Docente universitário
Escreve à segunda-feira