O Renault Porto Pro é uma das etapas mais carismáticas do ano não só por ser a mais urbana como também por apresentar uma forte e evidente simbiose entre os melhores surfistas nacionais e o público. Mais ainda, é um dos palcos mais inquietantes ao nível das condições de competição que invocam um desafio imenso às capacidades técnicas daqueles que querem vencer. Por falar em levantar o cheque de campeão da etapa, o luso-brasileiro Pedro Henrique venceu aqui em 2016 e sagrou-se campeão nacional umas etapas mais tarde. Frederico Morais fez o mesmo em 2015 e 2013. Vasco Ribeiro em 2014 e 2012. Nas senhoras, entre Carol Henrique e Teresa Bonvalot, a estatística segue sensivelmente o mesmo comportamento. São sinais de sobra para se acompanhar esta etapa com todo o cuidado e atenção.
Então e os surfistas do norte? O último campeão nacional de surf oriundo da Invicta foi João Guedes em 2009. Em casa, o melhor resultado que tirou nos tempos recentes foi um 5º lugar em 2013. Andando mais para trás, longe vão os tempos dos anos 90 onde o forte contingente da rapaziada do norte orgulhava-se das suas cores no circuito de esperanças, nacionais ou até em provas internacionais. Existe realmente aqui um hiato de quantidade.
Mas esta história parece, felizmente, ameaçada. Isto porque a operação dos agentes que trabalham o surf no norte tem-se vindo a intensificar bastante nos últimos anos. Atenda-se ao natural potencial da região enquanto destino para o surfista turista, às muitas ondas de qualidade que de Caminha a Aveiro são experienciadas ao longo de todo o ano, ao tecido empresarial de surf da região que integra um dos grupos portugueses com maior capacidade económica, ou ainda à vasta rede de escolas de surf e centros de treino que estão ao dispor daqueles que ambicionam aprender a fazer surf ou voar mais alto em carreiras internacionais. Todos estes fatores de desenvolvimento contribuem, todos os dias, para fazer inverter a história que centraliza os grandes factos do surf na região centro de Portugal. Em termos comparativos com os restantes casos de referência nacionais, diria que existe ainda uma oportunidade de melhoria no compromisso público com esta necessidade de progresso.
“A Liga MEO Surf traz aquilo que o surf nacional tem de melhor” observou esta semana Marcelo Martins, um dos principais empenhados neste processo. De uma forma consistente, a Associação Nacional de Surfistas tem mantido a sua participação neste caminho necessário com o compromisso de longa data em levar os melhores surfistas nacionais ao coração do Porto. Um pouco menos central do que as saudosas etapas da Praia da Luz. É verdade. Mas fazendo perdurar os traços completos de como só o norte sabe receber.
Em 2017, o Renault Porto Pro é ano de estreia em naming sponsor mas completa 10 edições consecutivas. O júnior portuense Salvador Couto indicou que “a Liga MEO Surf é determinante para o Porto”. Já o experiente João Guedes observou aos media que “estou completamente focado na Liga MEO Surf” e, enquanto personagem principal do cartaz da prova, vai para a prova com aspirações sólidas reconhecendo a natural “pressão acrescida” mas com um só objetivo na “ vitória que persigo desde sempre”. Será este o ano dos locais? Acompanhem em ligameosurf.pt. Boa sorte a todos em prova!