Lisboa


A campanha para Lisboa está engraçada. Parece haver três divisões de postulantes que não favorecem as escolhas


Todo o “bom cristão” tem uma esposa e uma amante. A minha esposa é Vila Real, a minha amante é Lisboa. 

Vila Real, na grandeza do Marão e na beleza do Douro, assumiu-se nos últimos anos, apesar de ter acontecido tarde, por um novo futuro, um outro tempo de vida em comunidade. Não a perco por nada, não a deixo à solta nas suas coisas boas e más, não abdico da sua força interior para nela me rechear de ânimo. Esta coisa de ser transmontano só encontra razão numa referência do prof. Adriano Moreira. Dizia ele: “Nunca refiro que sou transmontano quando estou em universo largo. Os restantes ficam cheios de ciúme.”

Lisboa é o meu outro lado. Posso esquecer-me dela porque me zanguei, porque me deu tampa, porque me nega o tempo para a amar, saborear. Mas ela tem o outro flanco atrevido, aquele ser de senhora de muitas chegadas e muitas partidas. Lisboa é a luz que confronta a segurança do meu berço. Por isso Lisboa é tão relevante para mim neste tempo de decisões políticas, de escolhas entre projetos e pessoas. 

O inefável Nuno Morais Sarmento, que tem poiso na Rádio Renascença sem que esta tenha muita culpa pelo fraco contributo para a inteligência coletiva que ele concede, disse há dias que Fernando Medina era facilmente derrotado. Ora, o homem que não sabe distinguir Eureka de Crockett and Jones, despido da leitura a que a cidade moderna deve obrigar, poderia ter resolvido o assunto e ser ele mesmo o candidato. Tem inventário, tem auditório e desfazia o problema a Pedro Passos. 

A campanha para Lisboa está engraçada. Parece haver três divisões de postulantes que não favorecem as escolhas. 

A primeira divisão só tem um candidato, Fernando Medina. Ao longo destes dois anos, Medina consagrou uma outra leitura de cidade, assumiu uma outra relação com o país e com a Europa, concedeu inovação na gestão e garantiu o crescimento da riqueza que a cidade produz. Em boa verdade, Medina é o início de uma nova etapa para Lisboa, um terceiro tempo depois de Nuno Abecassis e António Costa. 

Mas quem defrontará Medina? Há a segunda divisão de candidatos que não são candidatos. Assunção Cristas, essa lisboeta de quatro costados, entendeu que só se safava no CDS se conseguisse eleger-se vereadora na capital. Sim, o jogo é ser uma dos muitos vereadores, uma escolha entre o nono do PS ou o primeiro do CDS. Nada mais, até porque sabemos todos que quem continuará na câmara será João Gonçalves Pereira. Para Teresa Leal Coelho, é um sacrifício. Um sacrifício daqueles que não se pedem a ninguém. Podia dizer não ao presidente do PSD? Há amizades que impedem a negação, mas são essas amizades – coisa que, em política levada às ultimas consequências, dá mau resultado – que lhe vão conceder um efeito para desmaiar. 

A terceira divisão insere os vencedores do casting de Miguel Vieira. João Ferreira para a coleção outono-inverno, uma espécie de rural chic a meio caminho do Parlamento Europeu e da liderança do PCP pós-Jerónimo. Não sei se há pernas para isso, mas a coisa anda há muito a ser testada. Ricardo Robles é o vencedor do casting de primavera-verão, entre os linhos e as bermudas, coisa que pode dar para agarrar o “está-se bem” e o “você está bom”. Nenhum deles é mais do que marcar terreno. Para o PCP, importa manter vereadores; para o Bloco, interessa voltar a ocupar a cadeira que em tempos se passou para a maioria. 

Este é o cenário. É bom? Para mim, que gosto da política pelas orelhas e com língua de fora, não é bom. Mas para os lisboetas, que vão decidir o seu futuro, é o melhor, porque Medina é o melhor dos melhores, porque Lisboa não elege só o seu presidente, mas garante também que o país ganha uma personalidade para o futuro, para o nosso futuro. 

 

Deputado do PS 


Lisboa


A campanha para Lisboa está engraçada. Parece haver três divisões de postulantes que não favorecem as escolhas


Todo o “bom cristão” tem uma esposa e uma amante. A minha esposa é Vila Real, a minha amante é Lisboa. 

Vila Real, na grandeza do Marão e na beleza do Douro, assumiu-se nos últimos anos, apesar de ter acontecido tarde, por um novo futuro, um outro tempo de vida em comunidade. Não a perco por nada, não a deixo à solta nas suas coisas boas e más, não abdico da sua força interior para nela me rechear de ânimo. Esta coisa de ser transmontano só encontra razão numa referência do prof. Adriano Moreira. Dizia ele: “Nunca refiro que sou transmontano quando estou em universo largo. Os restantes ficam cheios de ciúme.”

Lisboa é o meu outro lado. Posso esquecer-me dela porque me zanguei, porque me deu tampa, porque me nega o tempo para a amar, saborear. Mas ela tem o outro flanco atrevido, aquele ser de senhora de muitas chegadas e muitas partidas. Lisboa é a luz que confronta a segurança do meu berço. Por isso Lisboa é tão relevante para mim neste tempo de decisões políticas, de escolhas entre projetos e pessoas. 

O inefável Nuno Morais Sarmento, que tem poiso na Rádio Renascença sem que esta tenha muita culpa pelo fraco contributo para a inteligência coletiva que ele concede, disse há dias que Fernando Medina era facilmente derrotado. Ora, o homem que não sabe distinguir Eureka de Crockett and Jones, despido da leitura a que a cidade moderna deve obrigar, poderia ter resolvido o assunto e ser ele mesmo o candidato. Tem inventário, tem auditório e desfazia o problema a Pedro Passos. 

A campanha para Lisboa está engraçada. Parece haver três divisões de postulantes que não favorecem as escolhas. 

A primeira divisão só tem um candidato, Fernando Medina. Ao longo destes dois anos, Medina consagrou uma outra leitura de cidade, assumiu uma outra relação com o país e com a Europa, concedeu inovação na gestão e garantiu o crescimento da riqueza que a cidade produz. Em boa verdade, Medina é o início de uma nova etapa para Lisboa, um terceiro tempo depois de Nuno Abecassis e António Costa. 

Mas quem defrontará Medina? Há a segunda divisão de candidatos que não são candidatos. Assunção Cristas, essa lisboeta de quatro costados, entendeu que só se safava no CDS se conseguisse eleger-se vereadora na capital. Sim, o jogo é ser uma dos muitos vereadores, uma escolha entre o nono do PS ou o primeiro do CDS. Nada mais, até porque sabemos todos que quem continuará na câmara será João Gonçalves Pereira. Para Teresa Leal Coelho, é um sacrifício. Um sacrifício daqueles que não se pedem a ninguém. Podia dizer não ao presidente do PSD? Há amizades que impedem a negação, mas são essas amizades – coisa que, em política levada às ultimas consequências, dá mau resultado – que lhe vão conceder um efeito para desmaiar. 

A terceira divisão insere os vencedores do casting de Miguel Vieira. João Ferreira para a coleção outono-inverno, uma espécie de rural chic a meio caminho do Parlamento Europeu e da liderança do PCP pós-Jerónimo. Não sei se há pernas para isso, mas a coisa anda há muito a ser testada. Ricardo Robles é o vencedor do casting de primavera-verão, entre os linhos e as bermudas, coisa que pode dar para agarrar o “está-se bem” e o “você está bom”. Nenhum deles é mais do que marcar terreno. Para o PCP, importa manter vereadores; para o Bloco, interessa voltar a ocupar a cadeira que em tempos se passou para a maioria. 

Este é o cenário. É bom? Para mim, que gosto da política pelas orelhas e com língua de fora, não é bom. Mas para os lisboetas, que vão decidir o seu futuro, é o melhor, porque Medina é o melhor dos melhores, porque Lisboa não elege só o seu presidente, mas garante também que o país ganha uma personalidade para o futuro, para o nosso futuro. 

 

Deputado do PS