O conceituado escritor Ernest Hemingway foi um espião soviético ao serviço de Estaline, garante um livro lançado recentemente, escrito por um antigo oficial da espionagem dos EUA.
“Writer, Sailor, Soldier, Spy: Ernest Hemingway’s Secret Adventures, 1935-1961” foi escrito pelo antigo inspetor da CIA Nicholas Reynolds.
Reynolds afirma que conseguiu aceder a documentos classificados do KGB (serviços secretos da União Soviética) e descobriu um ficheiro que revela que o escritor norte-americano, vencedor de um Prémio Pulitzer e de um Nobel da Literatura, foi recrutado em 1940 pela antecessora desta organização de espionagem soviética, a NKVD.
Hemingway tinha o nome de código “Argo” e foi recrutado por Jacob Golos, um dos responsáveis da NKVD em Nova Iorque, lê-se no livro agora publicado.
“Argo não nos deu qualquer informação política, apesar de ter expressado a sua vontade e desejo de nos ajudar”, lê-se no alegado ficheiro dos serviços secretos russos, citado na obra.
“A ideia de Ernest Hemingway ter feito alguma coisa com os soviéticos (…) foi muito difícil de aceitar” “e provocou-me [esta informação] um enorme mal- -estar psicológico”, afiançou Reynolds, um militar com formação em História, à estação televisiva CBS.
No livro desenvolve-se o valor estratégico desta relação para os soviéticos, devido não só ao prestígio intelectual do escritor, mas por causa dos seus laços com várias organizações americanas de segurança, como o FBI, o Office of Naval Intelligence e o Office of Strategic Services, organização que antecedeu a CIA.
“[A sua relação com a NKVD] influenciou muitas das decisões que tomou durante os últimos 15 anos da sua vida: o que escreveu, onde viveu, a forma como agia”, afirmou Reynolds, insinuando que esta ligação pode até ter tido influência no seu suicídio, em 1961, em Cuba, já depois da Revolução Cubana de Fidel Castro.
Ernest Hemingway esteve em Espanha durante a guerra civil, tendo escrito um romance, “Por Quem os Sinos Dobram”, sobre este conflito que teve grande influência na adesão ao comunismo de muitos jovens intelectuais em todo o mundo.
Na mesma guerra estava Kim Philby a cobrir os acontecimentos, como jornalista, no lado franquista, chegando até a receber uma medalha do ditador pelo seu papel na guerra. Philby dirigia a contraespionagem britânica quando fugiu para Moscovo, sendo descoberto que era um agente soviético desde a sua juventude. Tinha sido recrutado, juntamente com o grupo conhecido como Cambridge Five – que incluía Donald Maclean, Guy Burgess, Anthony Blunt e John Cairncross –, para a espionagem da União Soviética. Para eles, esse tipo de atividade era a forma mais eficiente que viam para combater a ascensão do nazismo e do fascismo na Europa e defender a União Soviética.