Novas suspeitas na Operação Marquês

Novas suspeitas na Operação Marquês


Novas personagens vão entrando no complexo puzzle  montado por Sócrates para alimentar as suas contas bancárias (em nome de Carlos Santos Silva). A última é a mulher do ex-ministro Silva Pereira, que foi ouvida pelo DCIAP no âmbito da Operação Marquês


A mulher de Pedro Silva Pereira, Ana Bessa, foi interrogada pelo Ministério Público. Em causa está uma avença mensal que durante um ano recebeu de uma empresa de Carlos Santos Silva.

Os investigadores suspeitam que essa foi uma das formas utilizadas por José Sócrates para fazer circular o dinheiro com origem em contrapartidas ilícitas que terá recebido enquanto esteve à frente do Governo.

Recorde-se que Silva Pereira foi ministro-adjunto e braço-direito de Sócrates no Governo chefiado por este, além de ser seu amigo pessoal.

Ouvida no Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP), em fevereiro passado, Ana Bessa prestou declarações no âmbito da Operação Marquês. Foi confrontada com contratos de prestação de serviços à XLM-Sociedade de Estudos e Projetos, empresa do universo de Carlos Santos Silva, suspeito de ser o testa-de-ferro de Sócrates, sendo também, segundo o SOL apurou, interrogada sobre despesas que o ex-primeiro-ministro suportou com o seu filho, Gonçalo Pereira, enquanto este estudou em Paris.

Para o MP, Ana Bessa será uma das várias beneficiárias do seu património. À semelhança de Domingos Farinho – o professor suspeito de ser o verdadeiro autor dos livros publicados por José Sócrates –, Ana Bessa recebeu avultadas quantias ao abrigo de contratos com a XLM que se suspeita serem fictícios. Segundo estes contratos, a mulher de Silva Pereira – licenciada em Agronomia –, teria trabalhado no desenvolvimento de estudos nas áreas do ambiente e da agricultura, bem como prestado consultoria em projetos de investimento nos setores do ambiente, energia e agroindústria, que a XLM teria noutros países.

 

Ana Bessa não prestou serviços justificativos do que recebeu

Ana Bessa foi confrontada com extratos bancários com registos das transferências feitas pela XLM para a sua conta bancária, tendo-lhe sido pedido que esclarecesse as saídas ordenadas a partir da mesma conta. Entre 2013 e 2014, a XLM pagou-lhe um total de 98 mil euros – mas, segundo o MP apurou, Ana Bessa não prestou quaisquer serviços à XLM que justificassem esse montante. Esta terá sido, antes, a forma utilizada para permitir a circulação de fundos a partir daquela empresa, fundos esses resultantes de contrapartidas de sociedades ligadas ao Grupo Lena, do qual Carlos Santos Silva chegou a ser administrador.

A mulher de Silva Pereira teve ainda de falar sobre o seu filho, Gonçalo Pereira. O Ministério Público acredita que Sócrates o sustentou, tendo pago o arrendamento do apartamento em que ficou hospedado em Paris, entre novembro de 2013 e novembro de 2014, no mesmo período em que um dos seus filhos e a ex-mulher, Sofia Fava, residiam naquela cidade.