Geração instável: “O mais importante é sentir que eles te apoiam mesmo quando não te entendem”

Geração instável: “O mais importante é sentir que eles te apoiam mesmo quando não te entendem”


Ataques de pânico, dificuldade em sair da cama, receio de falar com os pais e não serem compreendidos. Os millennials contam como lidam com a ansiedade e depressão numa altura em que, na internet, surgem novas formas de pedir ajuda, encontrar consolo e desconstruir tabus.


Nos Estados Unidos da América, os millennials são a geração com maior número de doentes com depressão. A Organização Mundial da Saúde alertava, em 2016, para o facto de o suicídio ser a segunda principal causa de morte de jovens entre os 15 e os 29 anos. As causas das doenças mentais são sempre indeterminadas, difíceis de enumerar. Cada indivíduo é diferente, mas muitos deles é na internet que lançam os pedidos de ajuda.O que levará a geração i a sofrer desta forma? A instabilidade pode ser uma das respostas

"A minha ansiedade generalizada anda de mãos dadas com o meu Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC). Só fui diagnosticada aos 22 anos, apesar de sempre desconfiar que tinha. Só que normalmente TOC aos olhos das pessoas é reduzido a tiques e restantes rituais que sempre tive, mas é tão mais que isso. TOC é quando a ansiedade que sentes no dia-a-dia te obriga a fazer coisas que não queres e, se não o fazes, ficas mais ansiosa ainda. É ficares presa na tua própria cabeça a desenhar cenários que só existem lá, mas são o suficiente para deprimires um dia inteiro.

Quando cheguei a um nível de ansiedade tal que me fez marcar uma consulta (e consequentemente fui diagnosticada), percebi as dimensões da doença e como certas coisas, que achava que eram da minha personalidade, se deviam a uma doença. É muito estranho quando, com 22 anos, tens que fazer esse exercício mental, quase de autodescoberta. Não sei o que causou esta jornada de ansiedade logo em criança, mas claramente condicionou a minha capacidade de interagir com outras crianças: sempre preferi estar presa na minha própria cabeça a brincar com outros. Os meus pais só achavam que era uma criança introvertida. A minha família apoia-me bastante, apesar de só ter contado tudo que sentia tão tardiamente. Acho que é inevitável sentires o “isso está tudo na tua cabeça” vindo da parte deles, mas o mais importante é sentir que eles te apoiam mesmo quando não te entendem."

Vanessa, 25 anos, Espinho