Matosinhos. Ataque de rottweiller no adro de igreja deixou criança em estado muito grave

Matosinhos. Ataque de rottweiller no adro de igreja deixou criança em estado muito grave


Dono do cão vai ser ouvido hoje em tribunal. É suspeito dos crimes de ofensa à integridade física por negligência, omissão de auxílio e agressão ao pai da menina de 4 anos


Uma criança de quatro anos ficou ferida, esta terça-feira, com gravidade depois de ter sido atacada por um rottweiler no adro da igreja do Padrão da Légua, em Leça do Balio, Matosinhos. Segundo testemunhos no local, o espaço relvado com alguns bancos e aparelhos de ginástica costuma ser um local de paragem dos moradores da zona. “Quando o tempo começa a melhorar, costuma ter crianças a brincar”, disse ao i uma funcionária de um estabelecimento comercial nas imediações da igreja, onde ontem o ataque acabou por dominar o dia mas não era habitual sentirem aquela ameaça.  

Passava das nove da manhã quando os pais da menina de quatro anos notaram a presença do rottweiler sem trela ou açaime, como é obrigatório nesta raça considerada “potencialmente perigosa” dado o tamanho e potência da mandíbula. O pai da criança terá alertado o dono do cão e terá sido nessa troca de palavras que o animal reagiu. Atacou primeiro a criança mas também a mãe e o pai, que interveio. O dono do animal acabou por fugir e quando chegou a assistência médica já não estava presente. Já quando a PSP se deslocou ao local encontrou apenas o pai da criança e uma testemunha, uma vez que mãe e filha já tinham sido transportadas para o hospital.

Sílvia Caçador, subcomissária da PSP ouvida pelo “Porto Canal”, revelou que o dono do animal foi entretanto detido na esquadra de São Mamede de Infesta e será hoje ouvido no Tribunal de Matosinhos. 

A responsável confirmou que os pais da criança terão alertado o dono do animal para o facto de circular na rua sem açaime e trela e que o mesmo terá reagido de forma agressiva, sendo que depois intercetado com base no relato de testemunhas no local. 

Sílvia Caçador disse não dispor, de momento, de informação sobre se este seria um caso reincidente de incumprimento das regras de circulação de animais potencialmente perigosos na via pública. O homem é para já suspeito dos crimes de ofensa à integridade física por negligência, omissão de auxílio e também de ter agredido fisicamente o pai da criança.

A criança encontra-se em estado muito grave no Hospital de São João, no Porto.  Ficou “praticamente desfigurada”, informou fonte da PSP do Porto, citada pela agência Lusa, a quem o alerta chegou pouco depois das 10 horas da manhã. Segundo testemunharam ao i proprietários de estabelecimentos locais, tanto a família como o dono do cão vivem nas imediações da igreja. 

Desde 2010 que a lei apertou para os donos de cães de raças consideradas potencialmente perigosas ou que sejam declarados perigosos (por terem, por exemplo, um historial agressivo). Os animais têm de estar licenciados na junta de freguesia da zona de residência e só podem circular na rua acompanhados por maiores de 16 anos e com açaime e trela curta. Segundo o “JN”, o animal tinha chip e estava legalizado. 

Segundo o último Relatório Anual de Segurança Interna, divulgado em março, em 2016 foram efetuadas 563 fiscalizações a proprietários de cães de raças potencialmente perigosas, tendo sido elaborados 1.112 autos. Em 2015, estavam registados no país cerca de 19 mil cães de raças potencialmente perigosas e 1.606 cães considerados perigosos.    

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