A decisão do governo de Passos Coelho de não ter discutido a resolução do BES em Conselho de Ministros e ter remetido o assunto para o Banco de Portugal mostra “alguma coisa que tem a ver com cobardia política", afirmou este sábado o antigo primeiro-ministro José Sócrates.
Sócrates falava do tema após ter sido questionado por um dos membros da plateia que assistia ao painel “Haverá uma política apartidária?”, no primeiro Encontro Nacional de Estudantes de Sociologia, a decorrer na Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra.
"Houve um banco que faliu na minha gestão, mas foi decidido por políticos. Peguei numa 'leizinha' e levei à Assembleia da República", explicou o antigo primeiro-ministro sobre a proposta de nacionalização do BPN.
José Sócrates recordou que foi "muito criticado" por nacionalizar o BPN, mas que, enquanto "outros fingiram que não mexeram", o seu governo não entregou ao Banco de Portugal a resolução, sublinhano ainda que a resolução de um banco é "das decisões mais graves, mais importantes".
No início da semana, a líder do CDS-PP e ex-ministra da Agricultura do Governo PSD/CDS-PP, que recordou também que estava de férias quando foi aprovado o decreto-lei da resolução do BES admitiu, numa entrevista ao “Público”, que o "assunto BES" nunca chegou a ser discutido "em profundidade em Conselho de Ministros".