Sérgio Godinho: “A ‘Estrada Fora’ mudou-me, fez-me querer ter mundo”

Sérgio Godinho: “A ‘Estrada Fora’ mudou-me, fez-me querer ter mundo”


Sérgio Godinho lança o seu primeiro romance, como muitas das suas canções fala-se de amores. Como diz o cantor e escritor: “os amores ou são livres ou não são amores”  


Não renega o que faz. Não gosta particularmente da designação “canção de intervenção”, porque acha que não só tudo pode ser de alguma forma político, mas que fez muito mais do que isso. No fundo, quer que nada que seja criativo lhe seja estranho. Tendo vivido tempos sem liberdade e com liberdade, não renega uma boa metáfora, mas diz, com a convicção de quem criou mais anos em democracia, que com a liberdade também se pode criar muito bem. Tem um novo caminho e uma nova voz. Uma voz que imprime nas páginas de papel. “Coração Mais que Perfeito” é o seu primeiro romance, depois de um livro de contos e outro de poesia. Já tem um outro preparado para sair. Senhoras e senhores, o escritor Sérgio Godinho!!!

Escritor de canções para escritor de livros é uma enorme distância?
Prosa e poesia são completamente diferentes. [toca o telemóvel e o pobre escriba afirma que se esqueceu de colocar o telemóvel em modo de voo, e o escritor-cantor comenta] Também coloquei em modo de avião. Estive a dizer a ela [a fotógrafa Diana Tinoco] que vou, daqui a pouco tempo, a Macau. Vou lá à Rota das Letras e fazer alguns concertos para voz e piano com o Filipe Raposo. Tudo foi a convite da Rota das Letras, porque eles costumam também convidar alguns músicos. Neste caso, eu faço tudo agregado…

O verdadeiro homem dos sete instrumentos. Numa canção tem de se contar uma história convincente em três minutos; num livro, faz-se isso em 200 páginas…
(Risos) Mas enfim, respondendo à sua pergunta. Não é só a questão dos três minutos, mas numa canção temos outros elementos. Uma canção é feita de dois modos de expressão que são a música e as palavras. E a música tem códigos muito próprios, tem harmonias, tem refrãos ou não tem, tem ritmos. São códigos que se têm de desenvolver. E, depois, as palavras têm rimas, coisa que o romance e a prosa não têm, há métricas muito precisas que têm que ver com a música. Não é por acaso que eu começo as minhas canções por fazer a sua base musical.

Faz primeiro a música e só depois a letra? 
Geralmente faço a música, embora a música possa ser um bocadinho alterada em função da frase e da letra que é. Porque acho que há uma musicalidade própria de uma frase que está a deitar-se numa cama de música.

De qualquer forma é muito, nas suas canções, um contador de histórias.
Há alguma coisa de comum: muitas vezes há personagens nas minhas canções, mas não são histórias com princípio, meio e fim. Mas mesmo quando não há, como em “Lisboa Que Amanhece”, embora tenha um travesti, é só a descrição do fim da noite numa cidade, tem uma narrativa. 

Como é colocar-se na cabeça de uma mulher, como neste romance?
Não é nada de extraordinário. Sempre me dei bem com o chamado universo feminino. É algo de educação, eu era muito cúmplice da minha mãe. Nós éramos três rapazes, mas eu era o mais cúmplice com ela. Éramos até fisicamente muito parecidos. Tanto o meu pai como ela já morreram, mas ela viveu até aos 90 e tal anos. Eu, com as mulheres que amei, com as que desamei, com amigas sempre presentes, e outras que foram aparecendo com o caminho, e outras que são relativamente recentes, tenho uma empatia natural. E não faço nenhum alarde disso. Aquilo que não compreendo muito bem é como há gente que diz que a natureza feminina é um mistério e que não compreende as mulheres.

O facto de ter ido estudar Psicologia para a Suíça ajuda-o a compreender as pessoas e a ter empatia com elas? Era uma vocação ou foi acidental?
Foi acidental. Eu estudei Psicologia em Genebra. Fui, aliás, aluno do Piaget, embora ele só desse uma aula de cátedra uma vez por semana e era uma presença simbólica. Eu precisava sobretudo era de sair do país.

Teria ido até para Agronomia se fosse necessário?
Nem tanto assim, porque eu sempre gostei da psicologia e tinha dois amigos que tinham andado em Psicologia em Genebra. Para a minha decisão pesou mais a vontade de ver mundo e conhecer mundo. Eu sou do Porto, que é uma cidade forte. E é uma cidade muito empática, que marca muito. Mas eu tinha necessidade de ser autónomo. Hoje em dia, os filhos ficam até tarde demais em casa dos pais.

Saiu com que idade da casa dos pais?
Com 20 anos.

Também ajudou o facto de haver guerra colonial?
Querer ter mundo e não fazer a guerra contavam. Eu tinha ponto assente que, assim que fosse convocado, não iria fazer a guerra colonial. Não tinha nada que ver com isso e era contra. Também cresci numa família que era contra. O meu pai era um pessoa com ideias políticas e sociais muito determinadas. Era um homem de negócios que trabalhava com têxteis, mas era completamente antissalazarista e antiguerra colonial. Era um verdadeiro social-democrata, no sentido real do termo. Muito ligado à cultura anglófona, com quem tinha alguns negócios. Ele achava que os ingleses foram obrigados a dar a independência à Índia e que já não fazia nenhum sentido ter colónias. Mas eu saí porque queria conhecer o mundo e, sobretudo, ter mundo. Dois anos depois saí da Psicologia porque, de facto, aquele tipo de psicologia cognitiva não tinha nada que ver comigo

E é nessa altura que descobre o teatro?
O teatro vinha de antes. Estive no Teatro Universitário do Porto. Sempre foi a minha paixão. Para mim, o que me interessava verdadeiramente era o cinema, o teatro e a música. Comecei com 15 anos a tocar guitarra. Aquilo que eu estava a dizer é que o curso me permitiu perceber que não me interessava aquilo, e foi bom que não me interessasse muito porque me ajudou a dar esse salto mais cedo. Eu daria esse salto sempre, mas podia ser mais tarde. Deixei os estudos universitários para ir à boleia pela Europa, trabalhei na cozinha de um barco, atravessei o oceano até à Jamaica e Trinidade. Era uma coisa que eu sempre quis fazer, atravessar o oceano. 

No livro há uma espécie de ponto de rutura quando um dos protagonistas principais tem um conflito numa peça com uma colega que começa a enlouquecer. Esta capacidade de se meter na cabeça dos outros é perigosa?
Há duas personagens principais no livro, a Eugénia e o Artur, que só entra na segunda parte da história mas que é determinante, até porque estamos a falar da história de um grande amor. A degradação desse Artur começa logo com o suicídio dele na primeira página. Ele é ator e, ao contrário dela, tem sempre um rumo determinado. Ela é uma personagem forte, mas tem valores um pouco flutuantes. As personagens fortes não têm que ser exemplares, isto não é um livro pedagógico. E do ponto de vista dramatúrgico até convém que sejam imperfeitas. Ela vai tendo vários empregos, e ele, desde que é jovem adulto, quis ser ator. Quando estava em processo de elaboração das personagens, achei que isso de ser ator era interessante, porque um narrador e ficcionista cria outras vidas, o dramaturgo cria vida até noutros países e noutras épocas. Achei piada escolher um ator para personagem porque o ator é aquele que, por essência, vai encarnar uma outra pessoa. E essa pessoa vai estar num ponto de viragem narrativo, quando ele está a fazer uma peça, em que as duas personagens principais são um casal que se odeia e que são muito violentos, e esse mal, a certa altura…

… ultrapassa a peça e conquista a realidade. 
De certo modo, propaga-se à realidade. Isto acontece algumas vezes no teatro, é um processo de transferência que Freud explicou bastante bem. Mas é um processo de transferência para a pessoa e para o ator. Ela [a outra atriz] começa a odiá-lo. E a partir daí ele deixa de ter pé. Ele, que é um homem forte psiquicamente, começa a perder o pé e, de repente, desliza e não vai voltar a encontrar, seja lá isso o que for, o seu verdadeiro eu.

Ou não consegue voltar à sua máscara antiga.
Eu acho que ele era uma pessoa real . Mas há forças que explodem sem se saber, há doenças que estavam lá e só se percebem quando alguma coisa muda, que estavam lá em potência, mas que de repente se desencadeiam. Vai ser importante para a ação aquele ódio repentino da atriz que vai mudar o curso das coisas.

Nas canções e até neste livro é um escritor de amores. O amor tem para si uma força muito grande.
Inclusive neste livro, até fisicamente. Há descrições muito cruas.

Conseguindo até ultrapassar a síndrome da sopa de peixe do José Rodrigues dos Santos. É difícil escrever cenas de sexo?
Nunca li. Eu acho que nas descrições de sexo tem de se ter uma maneira de olhar que tenha uma sensibilidade própria. Pode ser confrangente para as personagens, não pode ser confrangente para os leitores. 

Mas para si deve ser pouco confrangente: entrou no “Hair” [ópera rock dos anos 60] e, segundo a Wikipedia, viveu numa comunidade hippie. 
Isso é o que diz a Wikipédia (risos), eu nunca estive em nenhuma comunidade hippie.

Não vai lá à página corrigir?
Para quê (risos)? Para já, nunca fui hippie. Eu vou explicar. 

Nunca foi pelo amor livre?
Claro que não. Estive numa casa em Vancôver que éramos dez, com gente que não era hippie nem deixava de ser, havia um gajo que trabalhava num escritório e outros noutros sítios. É facto que o musical “Hair” fala dos hippies, foi um fenómeno efémero. E eu nunca fui, porque não é um tipo de ideologia que eu gostasse de assumir, eu sou urbano, sou do Porto. Sou disso tudo, sou dos elétricos amarelos, peace and love não condiz exatamente comigo. Falou-se disso algures e ficou numa das biografias da Wikipédia. Eu não renego nem deixo de renegar isso.

Pura e simplesmente, a coisa mais hippie que fez foi atuar nu no “Hair”.
Nem sequer atuei nu. O que acontece no “Hair” é a teatralização de uma coisa que aconteceu em Central Park, em que, numa manifestação contra a guerra do Vietname em que a polícia ia carregar, e, perante isso, todos os manifestantes tiraram a roupa e ficaram nus, como quem diz: “Olhem, podem bater-nos que nós estamos desarmados, sem nada para nos protegermos, nem sequer a roupa.” Há uma cena no fim do primeiro ato em que isso é mostrado à média luz. E o “Hair” ficou célebre por essa cena do nu. Mas isso é diferente de representar nu. 

Então aquela ideia que se fala do amor livre, nos anos 60, nunca foi a sua praia.
Eu tenho os meus valores, mas nunca fui… e, aliás, o que é que isso quer dizer? O amor ou é livre ou não é.

Para esta história de amor, não acha que Eugénia, sendo uma personagem forte, anda um pouco nas meias-tintas: é prostituta, mas teve só quatro clientes e foi com eles 13 vezes para a cama...
Ela esteve uns anos em que foi prostituta porque queria experimentar. A amiga dele, essa sim, é prostituta. Quando a Eugénia lhe diz “queria fazer de puta”, ela responde: “Não há fazer de puta, ou és puta ou não és.”

Mas é uma prostituta atípica que tem sempre prazer com os clientes.
Não sabe se é assim com as outras. Mas é normal que seja diferente alguém que faz paraquedismo para experimentar e quem tem uma vida de prostituição. Ela até fica espantada de ter tido prazer com o primeiro cliente. Não acho que seja meias-tintas. É de facto alguém a quem vão acontecendo as coisas, mais do que uma pessoa que traça um rumo determinado. Ao contrário dele, que sempre quis ser ator, ela nunca soube bem o que queria fazer. 

A certa altura, quando lhe perguntam porque é rececionista e não faz uma coisa mais de acordo com as suas capacidades, ela responde: “Porque aqui convivo mais.” 
É uma maneira de estar bem consigo mesmo. Eu tenho uma amiga que trabalha num health club e está bem consigo mesma, porque depois faz outras coisas. Não temos de ter um rumo para estarmos bem connosco. Eu, desde sempre, percebi que o queria fazer passava pelas artes, mas mesmo nessa altura – não tinha ainda feito canções –, eu punha a hipótese de ir para uma escola de cinema, o cinema sempre foi muito apaixonante para mim, ou fazer teatro. As canções foram-se impondo porque eu comecei a fazer canções e a querer compor umas coisas, e nos anos em que estive em Paris conheci o José Mário Branco e o Luís Cília e comecei a fazer coisas com o Zé Mário. E comecei a adquirir uma vontade criativa, que me perpassa em tudo na vida, de fazer um objeto. É bom quando se chega ao fim de uma canção e a gente vê que aquilo até não está mal feitinho. Algumas das canções do meu primeiro álbum, “Os Sobreviventes”, eu ainda agora as reavivei em concertos. Quando é com a banda inteira, eu canto a “Maré Alta”. São canções que, de certo modo, já estavam maduras, eu tinha 26 anos quando o meu primeiro disco saiu. 

Como surgiu a ideia de fazer este livro e abordar esta relação de amor?
O livro surgiu na sequência de um livro de contos, também editado pela Quetzal, chamado “Vida Dupla”. Surgiu depois de ter descoberto uma voz narrativa própria. Isso é muito importante porque, a partir daí, essa espécie de linguagem tornou-se natural, embora não seja resultado de uma escrita automática. Isso para mim é importante porque, quando comecei a escrever letras, inclusive comecei a escrevê-las em francês porque não conseguia escrever em português. Aquilo que eu escrevia em português soava-me a Zeca Afonso e a Alexandre O’Neill. Não me soava a mim. Mas depois, quando decidi escrever em português, de repente encontrei um caminho que não sei explicar: era uma voz própria e distinta. Apesar de as minhas canções poderem ser muito diferentes, eu tenho uma paleta alargada. Só para dar um exemplo: o Brassens fazia canções sempre num certo estilo, embora dentro dele fosse muito rico musicalmente; eu tenho coisas pop-rock, folk e outras coisas. Todas essas influências estão sempre em confronto. As minhas canções, não só de forma como de conteúdo, são muito diferenciadas: há canções sociais, há de amor, há de rutura, como “O Primeiro Dia”, há personagens que descrevem um tipo de situações com o Casimiro ou o “Coro das Velhas”, mas dentro desse leque há uma voz distintiva. Não foi um eureka, mas foi surgindo.

Não estava na banheira.
De certeza que não, porque não gosto de coisas acachapadas, sou mais energético. Também só me lavo uma vez por mês (risos). Estou a brincar. Ainda hoje tomei um chuveiro.

Já temos título para a capa: “Só me lavo uma vez por mês.”
É melhor pôr: “o javardo” (risos). Este romance – e já escrevi outro, daqui a um ano a gente conversa – mostra que com a escrita de ficção redescobri um outro tipo de voz. E esta voz agora tem uma coerência, pelo menos coerência interna. E tem uma outra coisa: nunca tinha tido um período de tanto tempo de continuidade de escrita. 

Demorou quanto tempo?
Ano e meio. Eu nunca escrevo muito por dia, mas escrevo se possível todos os dias. Digo se possível porque amanhã, por exemplo, tenho um concerto fora. E escrevo sempre que possível à noite.

Em relação ao livro, penso que de alguma maneira muitos falarão disso, mas é o amor contra a morte e para além dela.
É uma ideia romântica. Mesmo sem revelar a história da conversão das cinzas. Para ela, aquele homem continua a existir mesmo depois de morto. É o amor contra a morte. O que é curioso é que, apesar da degradação dele, que acaba por ter consequências trágicas, não há uma degradação do amor. Aquele amor dura e ela tenta prolongá-lo contra a morte. 

E é, como em qualquer amor, um processo de conhecimento.
Sim, um processo de conhecimento mútuo, e ela ganha com aquele amor uma maturidade que é diferente. 

Sobre o amor escreveu muito nas canções; neste livro, a morte está muito presente. É uma coisa que o preocupe?
Há muitos anos que penso nisso. Até porque, desde logo, as pessoas vão morrendo: faz 30 anos que o meu amigo Zeca morreu, E ele teve, de facto, um processo de degenerescência, devido à doença, muito duro. O que é terrivelmente irónico é que o Zeca era um tipo muito físico, era um atleta, tinha feito vários desportos, até me levou para o judo. Era um excelente judoca, era um tipo que era físico e, ao mesmo tempo, era hipocondríaco, estava sempre com os remédios naturais, e depois tem aquela doença terrível [esclerose lateral amiotrófica]. Foi uma ironia cruel. 

No livro há uma frase, creio que do Artur, em que ele diz uma coisa deste tipo: “Qualquer dia não acordo”, e que o narrador diz: podia ser um epitáfio.
Mas já outra personagem faz epitáfios. Mas sim, porque os epitáfios muitas vezes se escrevem em vida.
 
Há algum epitáfio ou sentido para a vida, para a sua vida?
Acho que há sentidos para vida? Não. Acho que vai havendo caminhos em que se encontra uma dignidade própria. Chega-se a pessoas. Tem-se ou não se tem filhos, netos ou amigos – isto, para mim, será o sentido da vida. Não a sei definir numa frase filosófica, mas na prática. Eu, se há coisa que realmente tenho, é um lado criativo: gosto de criar e preciso disso. Se calhar, é esse o meu sentido. Preciso da criação, se estiver muito tempo sem criar fico um bocado nervoso. E tenho a necessidade de experimentar outras áreas. Eu realizei, por exemplo, três filmes de meia hora, que aliás quero que saiam em DVD, e que têm mais de 20 anos, porque precisava um dia de realizar. Há áreas que preciso de experimentar. Mas a escrita não é uma coisa que eu vá largar, vou continuar. Sinto que é uma vida que vai continuar. As canções têm o lado dos palcos. A escrita é uma coisa solitária. Eu sinto-me bem nos palcos, isso é-me natural. As canções nunca são exatamente as mesmas, dependem do público. Podendo ser reinventadas também pelos próprios músicos. Eu gosto desse exercício oposto à solidão criativa. Mas também gosto de escrever.

Bob Dylan ganhou o Nobel da Literatura, Chico Buarque e Sérgio Godinho escrevem romances, podemos temer que os escritores comecem a cantar?
(Risos) Acho que não corremos esse risco, não estou a ver o Lobo Antunes a cantar. Não me parece que seja uma regra e uma moda. Eu sempre estive próximo do objeto livro, sempre fui um leitor. Na minha casa de família sempre houve muitos livros. 

Lembra-se dos primeiros livros que leu?
Os livros dos Cinco. Mas aos 13 anos li “O Crime do Padre Amaro”. 

E um livro que marcasse um antes e um depois?
O “On The Road” [Pela Estrada Fora] do Jack Kerouac. Foi o Manuel António Pina, que foi meu colega de liceu, que me mostrou o livro. E há um antes e um depois, porque eu disse: “Tenho de fazer isto. Tenho de ir pela estrada fora e ter mundo, mais do que ver o mundo.” J