Dia de Ressaca podem ser todos na Berlinale, como todos podem ser dias de não dormir. Acordar cedo para voltar ao Grand Hyatt, hotel transformado em redação por dez dias para mais de 3 mil jornalistas a rodarem entre secretárias verdadeiras e as improvisadas no chão dos corredores, fila para trocar bilhetes logo que possível, que ficar à porta de uma sessão depois de meia hora a fazer fila é frustração que uma pessoa quer evitar, um olho na lista dos códigos de barras do dia, outro no smartphone com as estrelinhas a marcar as sessões obrigatórias, depois para as revistas, edições especiais diárias para a Berlinale, para a agenda das conferências de imprensa, café, não esquecer o café, os emails, confirmações de entrevistas, depois sessões, entrevistas, sessões, escrever, por esta ordem ou outra qualquer, até as luzes do Grand Hyatt começarem a apagar-se, às dez da noite.
Provavelmente hora de mais sessões, é o que isso quer dizer, ou então de uma festa das que há todos os dias por aí. Boas, médias e más, a acabar às seis, tirando quando vai o staff do Ballhaus Berlin decidir que o barulho já não dá e que, temos pena, mas agora é para irem todos para casa mais cedo. Festa do FEST – Festival Novos Realizadores | Novo Cinema para celebrar o cinema português em Berlim, com Nuno Lopes, quem mais, que entra em “Joaquim”, do brasileiro Marcelo Gomes, na competição pelo Urso de Ouro, um dia depois de termos dançado com Bruce La Bruce num clube em que nem o bengaleiro escapa aos cigarros. Mas melhor assim, que acabem cedo. Pensamento que vem na manhã seguinte quando se percebe que a Berlinale ainda está para durar. Seis dias já estão, a dificuldade são as noites.
