Os novos treinadores da moda

Os novos treinadores da moda


 E veem hoje, com naturalidade, que há outros caminhos para o sucesso sem serem os trilhados por Mourinho na última década e meia. Mourinho é Mourinho, ponto final. Não há nem vai haver outro igual.


José Mourinho marcou – e marca – uma geração inteira de treinadores portugueses. A forma desassombrada e inovadora como comunicava para dentro e para fora valeu- -lhe o epíteto de “Special One” e os seus mind games ganharam uma aura quase sobrenatural à medida que os resultados internacionais se sucediam a um ritmo alucinante. É ainda hoje – e continuará a sê-lo por muitos anos – um dos melhores treinadores do mundo, que ninguém duvide disso nem por um instante. E vai voltar a ganhar de forma consistente, talvez já este ano, ao serviço de um Man. United em urgente necessidade de reinvenção.

Pouco depois das primeiras conquistas ao serviço do FC Porto, que o catapultaram para uma dimensão mundial sem precedentes entre técnicos nacionais, começaram a nascer “novos Mourinhos” como cogumelos. Falácias, obviamente. Meras cópias nada fiéis ao exemplar original e que não prestigiavam em nada a comparação com o técnico mais laureado da história do futebol português. Até que surgiu André Villas-Boas, jovem e competente, crescido e formado na sombra da equipa técnica de José Mourinho, formatado para ganhar e vencedor de tudo o que disputou logo na primeira temporada ao serviço do FC Porto. Estaria finalmente encontrado o “Special Two”? O tempo encarregar-se-ia de mostrar que não. Estilos distintos, personalidades opostas e, até ver, carreiras sem qualquer tipo de paralelo ao nível dos resultados. Uma vez mais, a comparação caía por terra.

Demoraram os portugueses – e os estrangeiros que olham para os portugueses com estupefação e sem entender como é possível existir tanta qualidade num país tão pequeno – a concluir que o odioso da comparação só tem consequências negativas. Para o original e para as “cópias”. Ninguém ganha com isso, muito menos a diversidade que torna o futebol o mais extraordinário espetáculo do mundo. Demoraram, mas perceberam. E veem hoje, com naturalidade, que há outros caminhos para o sucesso sem serem os trilhados por Mourinho na última década e meia. Mourinho é Mourinho, ponto final. Não há nem vai haver outro igual.

Felizmente, a provar que há muitas formas distintas de ganhar sem ser preciso plagiar quem quer que seja, temos hoje Leonardo Jardim, Paulo Fonseca e Marco Silva que, cada um à sua maneira e em projetos tão diferentes como os objetivos que os norteiam, têm vindo a surpreender a Europa do futebol. E há o decano Fernando Santos, campeão da Europa de seleções. E Sérgio Conceição e Paulo Duarte. E Carlos Carvalhal e Vítor Pereira. Isto para não falar dos “nossos” Rui Vitória e Nuno Espírito Santo. Luís Castro e Pedro Martins. Jorge Simão e Daniel Ramos. José Couceiro e Lito Vidigal. Todos tão diferentes no estilo de liderança, todos tão iguais na competência demonstrada. Não são iguais a Mourinho. Não são iguais a Jesus. São tão singulares quanto extraordinários por mérito próprio. Feliz do país que tem, num só setor de atividade, tanto talento para explorar e exportar.