Socialistas elogiam papel de Marcelo neste primeiro ano

Socialistas elogiam papel de Marcelo neste primeiro ano


Marcelo chegou a Belém – faz amanhã um ano – com o apoio da direita, mas os maiores elogios vêm do lado do PS. “Tem ajudado a resolver os problemas”, diz Eurico Brilhante Dias, do secretariado nacional


Marcelo foi eleito com o apoio da direita mas, um ano depois, os maiores elogios ao desempenho do Presidente da República são feitos por socialistas. Jorge Coelho não podia ser mais claro no entusiasmo com Marcelo Rebelo de Sousa e classifica a eleição do ex-comentador como “um dos factos mais importantes que aconteceu para Portugal no ano de 2016”.

O ex-ministro socialista não poupa nos elogios: “O país precisava de um Presidente com as características que está a demonstrar ter o prof. Marcelo Rebelo de Sousa e a sua atividade é extremamente positiva para Portugal neste momento que o país está a viver.” Jorge Coelho entrou na campanha presidencial ao lado de Maria de Belém mas, em declarações ao i, confessa que se tornou não só um “defensor como um adepto daquilo que ele está a fazer para o bem de Portugal e dos portugueses. Contribuiu para a estabilidade e para que o país esteja melhor”.

Não foram poucas as vezes que o Presidente da República deu a mão ao governo. O que, algumas, significou tirar o tapete a Passos Coelho. Os socialistas agradecem e reconhecem que Belém tem ajudado. Eurico Brilhante Dias, que pertence ao secretariado nacional, diz ao i que os socialistas podem “discordar de um ou outro momento mas, em geral, tem tido intervenções acertadas que têm ajudado a resolver problemas, e isso é fundamental”.

O deputado socialista considera que o Presidente da República permitiu “uma normalização da vida política e da vida das instituições depois de um momento bastante quente, após as eleições legislativas de outubro, e tem procurado envolver os portugueses naquilo que são as tarefas fundamentais para o desenvolvimento do país”.

MARCELO FOI DECISIVO

José Junqueiro, ex-deputado do PS, é ainda mais claro e considera que Marcelo, neste “primeiro ano de mandato, foi decisivo para a estabilidade política do país e, portanto, tem sido estruturante no clima de estabilidade e no sucesso governativo que se conseguiu neste primeiro ano”. O ex-governante socialista destaca que, apesar de “ser um homem da direita, Marcelo “conseguiu colocar o interesse nacional acima de questões ideológicas e partidárias. Fez o que um Presidente deve fazer, é agregador e conciliador, e quer acima de tudo que o governo tenha sucesso para que o país tenha sucesso”.

AO LADO DE COSTA

Foram vários os momentos em que o Presidente apareceu ao lado do governo. O último foi em defesa do acordo de concertação social que prevê a descida da TSU. A medida contestada por Passos é, para Belém, um estímulo importante à economia. O primeiro sinal de que Marcelo não vinha para criar dificuldades ao governo foi dado menos de 15 dias depois de chegar a Belém. Passos Coelho tinha criticado António Costa por intervir na banca para resolver o impasse no BPI. O Presidente colocou-se ao lado do primeiro-ministro e defendeu que a intervenção do governo era “natural” e se justificava.

As boas relações entre o Presidente da República e o governo são comuns no início dos mandatos, mesmo que pertençam a famílias políticas diferentes. Foi assim com Cavaco Silva e José Sócrates, e com Mário Soares e Cavaco Silva. Nos dois casos, as coisas acabaram mal.

O exemplo mais recente foi entre Cavaco em Belém e Sócrates como primeiro-ministro. Cavaco chegou a elogiar “o espírito reformista” do primeiro- -ministro por estar a concretizar as reformas “na direção que é necessário fazer”.

A relação “absolutamente impecável” – expressão utilizada por José Sócrates – durou pouco mais de dois anos e acabou com Cavaco, no discurso de tomada de posse para um segundo mandato, a apelar a “um sobressalto cívico”. O governo socialista caiu umas semanas depois do discurso demolidor do Presidente da República.