Caso venha a existir um reajuste no preço oferecido pelo CaixaBank na oferta pública de aquisição (OPA) sobre o BPI, a operação poderá ser comprometida. O alerta é feito ao i pelo gestor da XTB João Tenente. Em causa estão os pequenos acionistas da instituição financeira que exigem à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) uma auditoria independente para definir o preço justo da operação.
Tal como o i tem avançado, este grupo tem vindo a defender que o valor oferecido pelo CaixaBank na OPA sobre o BPI é mais baixo 53% do que o valor real das ações da instituição financeira e está a ser penalizado pela forte desvalorização que ocorreu no setor financeiro, acabando por se refletir no valor bolsista em toda a banca. Aliás, este é um dos argumentos que têm sido usados para que a CMVM nomeie um auditor independente para fixar o preço da OPA.
“As ações do BPI apresentam liquidez reduzida, pois revela--se difícil a sua transformação em meios monetários, (…) atualmente, o valor das ações no mercado regulado é inferior ao valor económico real”, salientam.
A verdade é que o preço por ação já tinha sido revisto pelo CaixaBank depois de a OPA se ter tornado obrigatória. A 18 de abril, quando o banco espanhol lançou a operação, oferecia 1,113 euros por ação, valorizando o banco em 1600 milhões de euros. Agora oferece 1,134 euros por ação, avaliando o BPI em 1650 milhões de euros.
Processos judiciais Já a Associação de Investidores e Analistas Técnicos (ATM), representante de vários acionistas minoritários do BPI e que representam 4% do capital da instituição financeira liderada por Fernando Ulrich, calcula que a contrapartida mínima da oferta pública de aquisição lançada pelo CaixaBank deveria ser de 3,15 euros por ação, valor que compara com os 1,134 euros atualmente em cima da mesa. Ainda assim, admite que poderá viabilizar a operação caso o banco espanhol aumente a oferta para 2,26 euros por título.
Para isso, também defende que a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários nomeie um auditor independente. No entanto, se nada resultar, ameaça ir para tribunal. Está prevista uma “ação popular administrativa contra o Estado português pela não adoção por parte da CMVM das medidas necessárias e impostas pelo artigo 188.o do Cód. VM para corrigir a falta de equidade da OPA”, revelou Octávio Viana em outubro passado.