PCP diz que “seria hipocrisia política” ignorar as divergências com Soares

PCP diz que “seria hipocrisia política” ignorar as divergências com Soares


João Oliveira começou mesmo a sua intervenção na sessão evocativa que decorre no Parlamento apresentando as condolências à família, aos amigos e ao grupo parlamentar do PS.


No dia em que se vota o pesar pela morte de Mário Soares, o líder parlamentar do PCP deixa claro que os comunistas não esquecem as divergências que os afastaram daquele que ajudou a travar o avanço do comunismo no pós-25 de Abril e que foi parte ativa na integração europeia que sempre suscitou as maiores reservas ao partido comunista. Mas João Oliveira assegura que não são essas diferenças políticas que impedem o PCP de expressar "condolências" pelo desaparecimento de Soares.

João Oliveira começou mesmo a sua intervenção na sessão evocativa que decorre no Parlamento apresentando as condolências à família, aos amigos e ao grupo parlamentar do PS.

O deputado do PCP não dúvidas de que Mário Soares "será lembrado como uma personalidade relevante da vida política nacional nas últimas décadas", nomeadamente através do papel que teve na luta anti-fascista e pelo facto de ter desempenhado "os mais altos cargos políticos no pós-25 de Abril".

Mas, apesar dessa memória histórica deixada por Soares, João Oliveira acredita que Soares não deixa "naturalmente" de ser lembrando também pelas divergências.

"Não é este o momento adequado para dissecar o deve e o haver das convergências e das divergências", frisa o comunista que admite, porém, que "seria hipocrisia política esconder" que essas divergências existiram.

"Ninguém se surpreenderá que não partilhemos hoje o elogio", lançou o líder parlamentar comunista, demarcando-se das referências elogiosas feitas ao seu papel na adesão à então CEE, cujas consequências o PCP condena.

Apesar disso e para que não ficassem dúvidas, João Oliveira admitiu que essas diferenças não são suficientes para evitar que o PCP se associe à evocação da sua memória.

"Da parte do PCP essas divergências em muitos casos profundas não impedem a expressão das nossas condolências", declarou João Oliveira.