Marcelo promulgou OE 2017, mas alertou para os quatro desafios

Marcelo promulgou OE 2017, mas alertou para os quatro desafios


Presidente anunciou promulgação do OE 2017, mas deixou alerta para os quatro desafios que se colocam à execução orçamental.


Sem surpresas, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, anunciou ontem ao país aquilo que já se sabia de antemão: a promulgação do Orçamento do Estado para 2017. Numa comunicação marcada para as 18h, mas antecipada em cinco minutos (muito provavelmente por àquela hora arrancar o jogo Benfica-Rio Ave), Marcelo alertou para os “quatro desafios sérios” que, em seu entender, se vão colocar à execução do orçamento no próximo ano.

Em primeiro lugar falou da “imprevisibilidade no mundo e na Europa”. Em segundo, lembrou a atenção que deve ser dada “à conclusão do processo de consolidação do sistema bancário” nacional. O terceiro desafio associou-o à “necessidade de mais crescimento económico”, critério essencial para “garantir a sustentabilidade do rigor orçamental nos anos próximos”. Por último, e diretamente associado ao anterior, invocou “o desafio do aumento das exportações, sobretudo aquelas de maior valor acrescentado no país, do acréscimo do investimento, da melhor utilização dos fundos europeus”.

Para o chefe de Estado, estes são os desafios “sérios e fundamentais na execução” do OE do próximo ano, documento que Marcelo fez questão de anunciar ter acabado de promulgar, seguindo-se agora a respetiva publicação “para poder entrar em vigor no início do ano de 2017”.

Marcelo Rebelo de Sousa apontou ainda a importância da “estabilidade financeira e política” como fatores essenciais para a “consolidação do sistema bancário” português.

Lembrou ainda que a execução orçamental [que aponta para um défice de 2,4% do PIB em 2016, e 1,6% do PIB em 2017] “traduzem uma preocupação de rigor financeiro que constitui um compromisso nacional”.

O Presidente não esqueceu ainda da situação internacional, prevendo que se aproxima um “ano complexo para o mundo e a Europa”, onde Portugal está inserido.

Para o Presidente, as “inúmeras eleições” na Europa, “as negociações com o Reino Unido” e “a acrescida estabilidade orçamental e política”, justificam a promulgação do documento do governo. O OE foi aprovado no final de novembro no parlamento com os votos favoráveis das bancadas do PS, BE, PCP, PEV e PAN, e contra do PSD e do CDS.

Défice abaixo do 2,5  Cerca de uma hora depois da comunicação do Presidente da República sobre a promulgação do Orçamento para 2017, o primeiro-ministro, António Costa, anunciava também em direto, numa cerimónia na residência oficial, em São Bento, que o défice orçamental deste ano ficará abaixo do 2,5%, cumprindo assim as regras europeias, invocando a importância da estabilidade política para este resultado.

“Pela primeira vez teremos o nosso défice orçamental a cumprir as regras da União Europeia. Agora que faltam poucos dias para o final do ano podemos dizer com tranquilidade e segurança que o défice orçamental ficará mesmo abaixo dos 2,5%, que tinha sido fixado pela Comissão Europeia, estando abaixo com conforto dos 2,5%”, disse durante um encontro com os membros do Conselho da Diáspora das Comunidades Portuguesas.

Estabilidade

O chefe do governo falou de uma “saudável estabilidade política e social”, considerando-as essenciais “para a confiança no investimento” e para o país se concentrar na aplicação do “programa de reformas” aprovado este ano em Bruxelas.

Para o primeiro-ministro, esta estabilidade é crucial numa altura em que o “mundo está rodeado de incerteza” e apontou o objectivo de “reforçar a confiança na economia portuguesa e enfrentar os desafios do futuro”.

António Costa acentuou ainda que as exportações vão crescer 6% em 2017, ano em que Portugal vai “reduzir progressivamente” a dívida [que ronda os 130% do PIB em 2016 ]. 

Com Magalhães Afonso